BLOG DO VICENTE CIDADE

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quinta-feira, 1 de julho de 2010

Avanços e Retrocessos I

Na Democracia Burguesa o pragmatismo eleitoral é, sem sombra de dúvidas, é a sua “mais completa tradução”, parafraseando Caetano. Assim, não é a democracia em si o elemento central da sua natureza ou de como o Estado Burguês se perpetua e consolida sua hegemonia, mas, na verdade, é “o avesso do avesso do avesso do avesso”, ou seja, é a sua contradição que traduz o seu principal elemento de perpetuação.


É sobre a luz dessa contradição que o “novo” vira o “velho” e o “velho” se transforma em novidade, de novo. Exatamente assim, como uma roda d`água no riacho, que embora realize o mesmo movimento, sempre encontrará novas águas a rodar, gerando energia continuamente enquanto o riacho existir.

Trocando em miúdos, o que estou querendo dizer é que a principal defesa da Democracia Burguesa reside na disputa pelo “aparato” do Estado e a característica mais impressionante dessa “defesa” é que a “Direita” disputa pela manutenção do seu statos quo, enquanto a “Esquerda” disputa para transformá-lo, mas, no “frigir dos ovos” é essa disputa que assume o papel central de perpetuação do Estado, posto que a manutenção do “aparato” acaba se transformando na razão em si da disputa.

Isso ocorre porque a “Direita” não é só uma “Direita” e a “Esquerda” também não é só uma “Esquerda”, com isso, aproximações “naturais” e/ou “estratégicas” vão acontecendo no decorrer do processo de disputa, tendendo a se constituir na sociedade, uma espécie de “interseção de interesses”, onde há muito mais “acordos” do que discrepâncias. Assim, nessa confusão toda, esses interesses acabam se aproximando, na maioria das vezes, muito mais por razões estratégicas do que por razões ideológicas.

Na verdade, se os sociólogos construíssem hoje uma matriz de “teoria e práxis” (pode até haver, mas eu desconheço) dos partidos políticos atuantes no Brasil e aplicassem sobre ela um método de padronização, chegariam certamente a conclusão que muito poucos desses partidos estariam fora do aglomerado, ou da curva padrão.

Isto provavelmente poderia deixar mais compreensível o alargamento do arco de alianças nos processos eleitorais brasileiros, onde, sinceramente, a meu ver, qualquer partido dos considerados grandes ou médios, podem facilmente compor alianças eleitorais estratégicas, qualquer que sejam eles.

Há de se considerar entretanto, que do ponto de vista prático, ainda se cause estranheza e repúdio certas coligações partidárias, muito mais motivadas principalmente pelo caráter emblemático que certas figuras despertam em meio ao processo eleitoral, do que necessariamente por fatores ideológicos.

Contudo, pode-se credenciar tal comportamento como fruto do processo de amadurecimento da democracia brasileira, que, vis-à-vis, pode ser considerada recente, já que conta apenas com 20 anos desde a redemocratização do país e se formos levar em conta o perfil da maioria da população brasileira, poucos são aqueles que vivenciaram um regime democrático anterior ao golpe de 64.

Há porém, diferenciações que precisam ser consideradas entre o exercício do poder quando estes são exercidos pela Direita ou pela Esquerda, e isso é na verdade o elemento central que tem que ser inserido no debate sobre o papel das esquerdas na Democracia Burguesa.

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