BLOG DO VICENTE CIDADE

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segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Faça o que eu digo. Não faça o que eu faço !!!

Segue abaixo duas postagem do Tijolaço sobre o pensamento conservador da imprensa econômica inglesa quando o assunto é a economia brasileira.



A revista (conservadorissíma), The Economist, inglesa, publica hoje uma matéria digna da hipocrisia da “corte” econômica londrina.
Ela diz que a reputação do Banco Central do Brasil “está sendo manchada” pela redução da taxa de juros interna. E uma redução que foi de menos de um décimo, de 12,5% para 11,5%.
Acusa nossa autoridade monetária de “estar focada no crescimento econômico” em lugar de zelar de sua missão de guardião da moeda.
Que cinismo!
Dizem isso porque o crescimento – e, com ele, o emprego, a renda, o consumo, e a atividade econômica – é no Brasil. Quando se trata deles próprios, a história é completamente diferente.
Querem ver? O banco central inglês, desde 2009, mantém  sua taxa de juros em 0,5% ao ano, o menor nível da história, vinte vezes menor do que a brasileira, em valores percentuais.
E a inflação na Corte de Sua Majestade, por acaso é comportadinha como uma “lady”?
Coisa nenhuma. Fechou setembro acumulando uma alta de 5,2%, mais do que o dobro da meta de 2% fixada pelo Banco Central inglês. Vejam bem, seria a mesma coisa que temos aqui, uma inflação de quasse 12% ao ano! O dobro, quase, da que vamos ter.
O juro real na Inglaterra, com essa inflação, é negativo  em 4,5% ao ano enquanto os nossos são positivos, e de mais de 5%, no mesmo prazo.
E não aparece ninguém no  jornalismo econômico brasileiro que tenha a coragem de lhes apontar o dedo e dizer o quanto há de cinismo nessa crítica pretensiosa e desonesta.
Porque não é incompetência, por trata-se de uma das mais importantes publicações do setor no mundo. É arrogância, mesmo.
Que vergonha!
Vivem, ao contrário, bajulando o que receita esta “nobreza”. Fica a dúvida  se é por ignorância ou por pusilanimidade.
Se de um lado existem as “cabeças coroadas”, com seu ar empertigado, é porque, de outro, existem as “cabeças colonizadas”, sempre abaixadas pela submissão

Pedindo, antes, desculpas pela veemência com que me expressei ontem, aqui, diante da hipócrita “lição” que a The Economist pretendeu dar ao Brasil, dizendo que o Banco Central tinha “manchado” sua reputação pelo fato de preocupar-se com o desenvolvimento econômico do país, quero reproduzir alguns conceitos que o Premio Nobel de Economia Paul Krugman, exportos em sua coluna no NY Times, reproduzida aqui pelo UOL.
Veja o que ele fala sobre a situação da Inglaterra:
“A economia britânica está estagnada por efeito da austeridade, e a confiança de empresas e consumidores despencou.”
Merece  a leitura o artigo de Krugman, que não usa meias-palavras para desancar o pensamento dominante do neoliberalismo:
“(…)vale a pena contemplar o quadro mais amplo -o fracasso abjeto de uma doutrina econômica que infligiu sério dano a Europa e EUA.
Essa doutrina pode ser resumida pela afirmação de que, depois de uma crise financeira, os bancos devem ser resgatados e o público tem de pagar por isso. Assim, uma crise causada pela desregulamentação se torna motivo para caminhar ainda mais para a direita; um momento de desemprego em massa não resulta em esforços públicos para criar empregos, mas sim em uma era de austeridade, com cortes de gastos públicos e programas sociais.
A doutrina vem sendo imposta com alegações de que não existe alternativa e que a austeridade fiscal poderia criar empregos. A ideia é que cortar gastos torna empresas e consumidores mais confiantes, o que compensaria o efeito depressivo da redução nos gastos públicos.”
Krugman está na Islândia, o país que “quebrou” com a crise de 2008. Ou melhor, o país que deixou os bancos quebrarem e, por isso, não os salvou e levou seu povo para o buraco:
” (…)como o país está se saindo? Não evitou danos econômicos graves ou a queda significativa em seu padrão de vida. Mas controlou a alta no desemprego e o sofrimento dos cidadãos mais vulneráveis; a rede de segurança social sobreviveu. A decência básica da sociedade também.
E isso contém uma lição para os demais países. O sofrimento que tantos cidadãos enfrentam é desnecessário. Se o momento envolve dor inacreditável e uma sociedade muito menos solidária, é por escolha. As coisas não precisavam, e continuam não precisando, ser assim.”
Leia o artigo na íntegra aqui.

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