BLOG DO VICENTE CIDADE

Este blog tem como objetivo falar sobre assuntos do cotidiano, como política, economia, comportamento, curiosidades, coisas do nosso dia-a-dia, sem grandes preocupações com a informação em si, mas na verdade apenas de expressar uma opinião sobre fatos que possam despertar meu interesse.

terça-feira, 10 de julho de 2012

Dois fatos que revelam a natureza frágil da política da direita brasileira

Dois fatos e uma só realidade: Na política, nada está como deveria estar.

Fato 01

Demóstenes avisa: "Amanhã pode ser você"

Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

DIANTE DE UM PLENÁRIO ESVAZIADO, SENADOR GOIANO FAZ MAIS UM APELO EM VÃO ANTES DE SUA DEGOLA INEVITÁVEL, MARCADA PARA A PRÓXIMA QUARTA-FEIRA: AFIRMA QUE OS COLEGAS NÃO DEVEM SE RENDER À PRESSÃO DA IMPRENSA E DA OPINIÃO PÚBLICA

09 de Julho de 2012 às 17:11

247 – O senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) voltou ao plenário do Senado nesta quarta-feira para dar continuidade à defesa de seu mandato, que pode ser cassado na próxima quarta-feira por seus colegas. E apesar de argumentar que os 20 minutos que terá para se defender daqui a dois dias não serão o bastante, Demóstenes não foi muito além do que disse em quatro das cinco sessões do Senado na semana passada: é inocente, as provas que apresentam contra ele são irregulares e, no mais irônico dos argumentos, ele será punido graças à pressão da imprensa.

Do alto da tribuna, o senador alertou a um plenário esvaziado: "É fundamental manter o alerta sobre o precedente perigosíssimo de cassar um mandato com base em ilegalidade". "A expectativa, depois desta (farsa) tramada contra mim, é ampliar a confusão e a insegurança jurídica", argumentou o goiano, acrescentando que, a partir de sua provável cassação, ficará proibido, por exemplo, informar alguém sobre uma proposição que tramita no Congresso Nacional. "Quem determinou essa regras? Onde estão escritas? Na jurisprudência do nada e da justiça de coisa nenhuma", perguntou-se e respondeu.

"O parlamentar (no caso, ele) diz a verdade, mas ela tem muitos donos. A verdade de um não é a verdade de outros", filosofou o parlamentar, que citou Alexis de Tocqueville e o recém-falecido ex-governador Ronaldo Cunha Lima durante seu discurso. "A verdade é óbvia e está do meu lado. Não quebrei o decoro, não cometi ilegalidades, não menti em discurso, não pratiquei irregularidades, não me envolvi em qualquer crime ou contravenção", defendeu-se.

"Estou sacrificado por uma grande injustiça. Insisto que não há provas contra mim. Minha defesa está sendo cerceada, principalmente por causa da pressão exigida pela mídia", disse o senador, na grande ironia de seu processo de cassação. "A única base da cassação é dar satisfação à imprensa. O Senado não vai cair na armadilha de me fazer de bode expiatório de uma crise fabricada, como foram tantas outras", emendou, admitindo enfim a possibilidade de as acusações que ele próprio fazia do alto da tribuna contra outros colegas, há até outro dia, não serem legítimas.

Último recurso

Diante da insensibilidade dos colegas nos últimos dias, a defesa de Demóstenes Torres já prepara uma última alternativa para tentar evitar a cassação do cliente. A estratégia é tentar anular os votos daqueles senadores que optarem por declará-lo. "O voto é secreto e, se algum senador quiser fazer proselitismo, anunciando o voto, ele é nulo. Posso ir ao Supremo para tornar o voto inválido", avisou o advogado Antonio Carlos de Almeida Castro, o kakay. "Se houver um movimento de tornar o voto aberto, em clara violação à Constituição, acho que é passível a contestação na Justiça", completou.

A 'ameaça' não comoveu senadores como Ana Amélia (PP-RS), que sustentava, nesta segunda-feira, a intenção de declarar seu voto pela cassação. “STF mantem voto secreto nas cassações de mandato! Jah abri meu voto pela cassacao de Demostenes Torres! Eh juizo politico!", escreveu a senadora em seu perfil no Twitter.

Fato 02
Tigrão sai da CPI, do PSDB e pode ser investigado

Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil

O DEPUTADO FERNANDO FRANCISCHINI (PSDB/PR), QUE PROMETIA SER O XERIFE DA CPI DO CACHOEIRA, SERÁ SUBSTITUÍDO PELO PSDB; EM GUERRA COM OS TUCANOS NO PARANÁ, ELE DEVE SE FILIAR AO NANICO PEN; FRANCISCHINI PODE ATÉ SER INVESTIGADO POR TER TRAMADO, COM ARAPONGAS DE CACHOEIRA, A QUEDA DO GOVERNADOR DO DF

09 de Julho de 2012 às 10:26

247 – Quando a CPI do caso Cachoeira foi instalada, o deputado Fernando Francischini (PSDB/PR) prometia ser uma das estrelas do espetáculo. Midiático, ele ameaçava até prender o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz. Uma de suas frases ficou marcada. Numa discussão, acusou o relator Odair Cunha (PT-MG) de ser “tigrão” contra Marconi Perillo, do PSDB, e “tchutchuca” contra Agnelo, do PT.

Com o andar da carruagem, Francischini perdeu espaço na CPI. E, agora, o pitbull da oposição será expelido da comissão pelo próprio PSDB. O comando tucano decidiu substituí-lo pelo suplente Domingos Sávio (PSDB-MG), que é ligado ao senador mineiro Aécio Neves (PSDB-MG).

Oficialmente, Francischini deixa o posto devido a questões da política local, no Paraná, seu estado de origem. Ex-aliado do governador Beto Richa, Francischini rompeu com os tucanos em razão da aliança formada na disputa à prefeitura de Curitiba. Beto apoia o atual prefeito Luciano Ducci, do PSB, e indicou como vice o deputado Rubens Bueno, líder do PPS. Neste arranjo, os tucanos foram relegados a segundo plano na formação da chapa, o que irritou Francischini – o deputado tigrão, que é também delegado da Polícia Federal, deve se transferir para o nanico Partido Ecológico Nacional, o PEN.

Os tucanos, no entanto, têm outra razão para afastar Francischini da CPI. É que o deputado, que sonhava em transferir seu domicílio eleitoral para Brasília e concorrer ao governo do Distrito Federal em 2014, também se relacionou com integrantes da quadrilha de Carlos Cachoeira. Grampos da Operação Monte Carlo, com conversas entre Dadá e Cachoeira, indicam que Francischini pilotava uma trama que poderia levar ao impeachment de Agnelo Queiroz, que seria acusado de montar uma central de grampos no Palácio do Buriti. Até mesmo o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, seria envolvido na conspiração (leia mais aqui).

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