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sábado, 20 de outubro de 2012

Plano de criação de empregos de Romney é uma mentira - Blogs - UOL Notícias



Jim Young/Reuters

Plano de criação de empregos de Romney é uma mentira - Blogs - UOL Notícias

COLUNA DO PAUL KRUGMAN
Plano de criação de empregos de Romney é uma mentira
Paul Krugman

O candidato republicano à Presidência dos Estados Unidos, Mitt Romney, deixa veículo enquanto se prepara para embarcar em voo, em Newark, nos Estados Unidos


Mitt Romney fala muito sobre empregos. Mas ele tem um plano para criar algum?

É possível defender o retrospecto do presidente Barack Obama em relação aos empregos –a recuperação de uma crise financeira severa é sempre difícil, especialmente quando o partido de oposição faz o melhor que pode para bloquear todas as iniciativas que você propõe. E as coisas claramente melhoraram ao longo do último ano. Ainda assim, o desemprego permanece elevado após todos estes anos e um candidato com um plano real para melhorar a situação teria uma grande chance de ser eleito.

Mas Romney, ao que parece, não tem um plano; ele está apenas fingindo. Ao dizer isso, eu não quero dizer que discordo de sua filosofia econômica; eu discordo, mas isso é outro assunto. O que quero dizer é que a campanha de Romney está mentindo; alegando que seus números somam, quando não somam, alegando que estudos independentes apoiam sua posição, quando esses estudos não apoiam.

Mas antes de chegar lá, permita-me um minuto para falar sobre a alegação de Romney de que ele sabe como consertar a economia, porque foi um empresário bem-sucedido. Essa é uma afirmação duvidosa mesmo se ele estiver representando honestamente sua carreira nos negócios, porque a habilidade para conduzir uma empresa e a necessária para administrar a política econômica são muito diferentes. De qualquer modo, seu retrato de sua própria experiência é tão enganador a ponto de deixar sem fôlego.

Pois Romney, que começou como consultor de negócios e então passou para o mundo inebriante de private equity, insiste em se retratar como um destemido homem de pequena empresa.

Eu não estou inventando isso. No debate desta semana, ele declarou, "eu comecei em uma pequena empresa. Eu entendo como é difícil começar uma pequena empresa". Em seu discurso na convenção republicana, ele declarou: "Quando eu tinha 37 anos, eu ajudei a abrir uma pequena empresa".

Hmmm. É verdade que quando a Bain Capital começou, ela tinha apenas um punhado de funcionários. Mas ela contava com US$ 37 milhões em fundos, levantados junto a fontes que incluíam europeus ricos investindo por meio de empresas de fachada panamenhas e oligarcas centro-americanos que viviam em Miami, enquanto esquadrões da morte associados às suas famílias devastavam seus países de origem. Nem toda pequena empresa destemida tem acesso a esse tipo de financiamento, não é?



O candidato republicano à Presidência dos EUA, Mitt Romney, (à esquerda) e seu companheiro de chapa, Paul Ryan, acenam para apoiadores durante comício em Daytona, no Estado americano da Flórida Emmanuel Dunand/AFP

Mas de volta ao plano de empregos de Romney. Como muitas pessoas notaram, o plano tem cinco pontos, mas não há detalhes específicos. Falando de modo geral, ele pede pelo retorno da economia de Bush; reduções de impostos para os ricos e proteção ambiental mais fraca. E Romney diz que o plano criaria 12 milhões de empregos ao longo de quatro anos.

De onde vem esse número? Quando pressionada, a campanha citou três estudos que ela alega apoiar essas afirmações. Na verdade, esses estudos não fazem isso.

Apenas para registro, um estudo concluiu que os Estados Unidos poderiam ganhar 2 milhões de empregos se a China deixasse de infringir as patentes e outras propriedades intelectuais americanas; isso seria bacana, mas Romney não propôs nada em relação a isso. Outro estudo sugeriu que o crescimento no setor de energia poderia adicionar 3 milhões de empregos nos próximos anos –mas são ganhos previstos segundo a política atual, isto é, eles aconteceriam independente de quem vença a eleição, não em consequência do plano de Romney.

Finalmente, um terceiro estudo examinou os efeitos do plano de impostos de Romney e argumentou (de modo implausível, mas isso é outro assunto) que levaria a um grande aumento no número de americanos que desejam trabalhar. Mas como isso ajuda a curar uma situação onde já existem milhões de americanos procurando trabalho, mas sem vagas disponíveis? Isso é irrelevante para as alegações de Romney.

Logo, quando a campanha diz que esses três estudos apoiam suas alegações sobre empregos, ela está, para usar o termo técnico, mentindo –assim como está quando diz que seis estudos independentes apoiam suas alegações sobre impostos (eles não apoiam).

No que os conselheiros econômicos de Romney de fato acreditam? Até onde posso dizer, eles estão depositando sua fé na fada da confiança, na crença de que a vitória do candidato inspire um boom de contratação, sem uma necessidade de mudança real nas políticas. De fato, em seus infames comentários dos “47%” em Boca Raton, o próprio Romney afirmou que daria um grande impulso à economia simplesmente por ser eleito, “sem precisar fazer nada”. E quanto às evidências esmagadoras de que nossa economia está fraca não por falta de confiança, mas por ressaca de uma terrível crise financeira? Deixa para lá.

Para resumir, o verdadeiro plano de Romney é criar um boom econômico por meio do simples poder da grandiosidade pessoal de Romney. Mas a campanha não ousa dizer isso, por temer que os eleitores (acertadamente) considerem isso ridículo. Então o que vemos é uma tentativa de esconder isso com alegações falsas. Não há nenhum plano para empregos; o único plano é enganar o povo americano.
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"Há 47% que estão com ele (Obama), que são dependentes do governo, que acham que são vítimas, que acham que o governo tem responsabilidade de cuidar deles. (...) Nunca vou convencê-las de que elas devem ter uma responsabilidade pessoal e por suas próprias vidas", disse Romney a doadores de sua campanha. O vídeo do encontro foi divulgado sem o consentimento do candidato e gerou muitas críticas a Romney Charles Dharapak/APTradutor: George El Khouri Andolfato

PAUL KRUGMAN
Professor de Princeton e colunista do New York Times desde 1999, Krugman venceu o prêmio Nobel de economia em 2008

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