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segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Uma injeção de R$ 165 bilhões - ISTOÉ Dinheiro

Uma injeção de R$ 165 bilhões - ISTOÉ Dinheiro
Para responder ao PIB minguado do terceiro trimestre, governo anuncia um pacote de incentivos para o setor privado com uma direção bem definida: retomar investimentos

Por Denize BACOCCINA e Guilherme QUEIROZ

Aumentar os investimentos nos próximos meses tornou-se prioridade absoluta do governo federal, depois do pálido crescimento do PIB no terceiro trimestre, de 0,6%, divulgado na segunda-feira 3. A determinação do Palácio do Planalto ficou clara no discurso da presidenta Dilma Rousseff, que usou a palavra “investimento” 19 vezes durante seu discurso de 36 minutos, na abertura do Encontro Nacional da Indústria, na quarta-feira 5, em Brasília. “O Brasil precisa de uma taxa de investimento elevada e isso só ocorrerá se tivermos uma participação da indústria muito significativa”, disse a presidenta.

Poucas horas depois, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou a prorrogação, até o fim de 2013, do Programa de Sustentação do Investimento (PSI), com linhas de crédito subsidiadas para aquisição de bens de capital, importante indicador da formação bruta de capital fixo (FBCF). “O investimento tem de crescer mais que 8% para termos um crescimento do PIB mais vigoroso”, disse Mantega, que assegurou uma linha de crédito de R$ 100 bilhões para a compra de maquinários, incluindo caminhões e ônibus, além de bancar programas de inovação. A meta do governo, segundo o ministro da Fazenda, é elevar a taxa de investimento para algo próximo aos 20% do PIB em 2013, e enterrar de vez o resultado pífio do terceiro trimestre, que ficou em apenas 18,7% do PIB, o pior nível desde 2009.

Mantega, porém, buscou reforçar a mensagem de que “a reação já começou”. Para não deixar dúvidas a respeito, o governo tirou da gaveta, na semana passada, um pacote de bondades, que inclui incentivos para a modernização dos portos, que vão atrair R$ 64,4 bilhões em investimentos, a garantia da prometida queda na conta de energia elétrica (leia reportagem aqui), e uma menor restrição à entrada de dólares no País, para estimular o setor privado a buscar crédito no mercado externo. Para dinamizar ainda mais a economia, o governo colocou em campo, novamente, a desoneração da folha de pagamentos, que já havia contemplado 40 setores – dos quais 25 entram em vigor em janeiro.

Agora, foi a vez da construção civil, setor que representa 5,8% do PIB, cujo crescimento de apenas 1,2% nos últimos 12 meses frustrou expectativas, depois de uma expansão forte nos anos anteriores. A mudança na base de cálculo da contribuição para a Previdência – de 20% sobre os salários para 2% do faturamento – vai representar uma economia de R$ 2,85 bilhões para o setor, somente em 2013. “Os incentivos recuperam a rentabilidade e reduzem o principal componente de custo das empresas”, diz José Carlos Martins, vice-presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção Civil (Cbic). A nova regra entra em vigor em 90 dias. Para os outros 40 setores, a economia será de R$ 12,8 bilhões em um ano.


Girando a roda: medidas do governo tentam estimular os empresários a investir mais em 2013

Ao todo, o PSI, o pacote de portos e o incentivo à construção representam uma injeção de R$ 165 bilhões para manter o ritmo de recuperação, que já começou neste último trimestre. Na quarta-feira 5, o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, afirmou que a redução nas taxas de juros de 5,5% para 2,5% do PSI, feita em setembro, já atiçou o apetite das empresas por crédito. “Em novembro, os empréstimos liberados chegaram a R$ 7,4 bilhões, frente aos R$ 5,5 bilhões concedidos, em média, até agosto”, disse Coutinho. Para o ano, a projeção do BNDES é de que os empréstimos pelo PSI cheguem a R$ 80 bilhões. “O investimento é a mola dinamizadora da economia”, afirmou.

Com mais crédito na praça e a taxas menores, os empresários já se animaram a tirar do papel projetos que estavam engavetados, à espera de sinais mais promissores de retomada dos negócios no Brasil e no Exterior. Em outubro, a produção industrial cresceu 0,9% em relação a setembro, de acordo com a Pesquisa Industrial Mensal (PIM), do IBGE. Em relação a outubro do ano passado, a alta é de 2,2%, indicando o início da retomada de uma atividade que passou boa parte do ano sofrendo com a concorrência dos importados. O setor de máquinas e equipamentos, que tinha recuado 9,4% nos dois meses anteriores, cresceu 6,3% em novembro. “Sinto mais otimismo do empresariado, mais vontade de investir”, diz o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade.

A entidade já projeta um crescimento de 4% para a economia no próximo ano, com uma expansão de 4,1% na indústria. Na avaliação do economista Eduardo Giannetti da Fonseca, professor do Insper, de São Paulo, houve um acerto com a alteração do foco da política econômica para o estímulo ao investimento. “O governo achou que poderia replicar a fórmula de estímulo ao consumo, adotada depois da crise de 2009, mas percebeu que não surtiria efeito”, diz. Para Giannetti da Fonseca, a somatória de conta de luz mais barata, desonerações da folha de pagamento e concessão da infraestrutura – como rodovias, portos e aeroportos – à iniciativa privada devem contribuir para um 2013 mais promissor.

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