BLOG DO VICENTE CIDADE

Este blog tem como objetivo falar sobre assuntos do cotidiano, como política, economia, comportamento, curiosidades, coisas do nosso dia-a-dia, sem grandes preocupações com a informação em si, mas na verdade apenas de expressar uma opinião sobre fatos que possam despertar meu interesse.

sexta-feira, 28 de junho de 2013

TSE devolve mandato parlamentar a Puty


O Superior Tribunal Eleitoral devolveu, nesta sexta-feira (28), o mandato parlamentar ao deputado federal Cláudio Puty (PT-PA) após concluir que a cassação decretada, há um mês, pelo Tribunal Regional Eleitoral do Pará (TRE-PA) precisa de melhor analise.

“Não me beneficiei com qualquer recurso decorrente de tráfico de influencia junto à administração pública. Esta decisão do TSE me permite continuar a exercer meu mandato parlamentar, na certeza de que minha inocência será plenamente esclarecida quando do Recurso perante este Tribunal", afirma Puty.

Leia abaixo a parte conclusiva da decisão da lavra do Exmo. Ministro do TSE Henrique Neves.

"Dessa forma, considerando que os recursos, em breve, chegarão ao Tribunal e, tão logo ocorra o pronunciamento da d. Procuradoria-Geral Eleitoral, tais apelos e os demais elementos de prova poderão ser mais bem analisados, entendo ser prudente suspender, por ora, os efeitos das decisões regionais.
Por essas razões, defiro o pedido de liminar formulado por Cláudio Alberto Castelo Branco Puty, a fim de atribuir efeito suspensivo aos recursos ordinários por ele interpostos nos autos da Representação nº 3229-23, da Representação nº 3231-90 e da Ação de Impugnação de Impugnação Eletivo nº 7-13.

Comunique-se, com urgência, o Tribunal Regional Eleitoral do Pará e a Câmara dos Deputados."

A decisão infundada e contraditória do TRE-PA

A decisão do TRE-PA foi baseada em um inquérito policial de 2010, no qual Puty não foi indiciado pela Polícia Federal e não responde a qualquer ação penal dele oriundo.

Há evidente contradição no julgamento realizado no estado do Pará. Ela se ilustra pela declaração do delegado da PF que presidiu o inquérito. O advogado perguntou se em algum momento da investigação existe alguma conversa/mensagem interceptada onde o investigado ou alguém em seu nome solicita qualquer tipo de bem ou apoio político para aprovação de planos de manejo perante a Sema. A testemunha respondeu que “não”.


PS. Chupa LFP

REFERENDO É CAMBALACHO CONTRA REFORMA POLÍTICA



Entre o plebiscito proposto pela presidente Dilma e o referendo defendido pelas principais lideranças da oposição, como os senadores Aécio Neves (PSDB-MG) e Agripino Maia (DEM-RN), além do deputado Roberto Freire (PPS-SP), há uma distância enorme, segundo argumenta o jornalista Breno Altman. "A explicação oficializada pela direita: muito complicado submeter ao voto popular o conjunto de questões que determinam a reforma política. A conclusão desse raciocínio é que seria bem mais prático forjar um acordo entre deputados e senadores, deixando aos eleitores apenas a missão de aceitar – ou não – o pacote já fechado para embrulho", diz ele; confira artigo exclusivo para o 247

28 DE JUNHO DE 2013 ÀS 18:35

Por Breno Altman, especial para o 247

Os principais partidos de oposição não tardaram em manifestar seu ponto de vista sobre a proposta presidencial de plebiscito. A nota assinada por PSDB, PPS e DEM propõe, ao revés, a convocação de um referendo. O parlamento resolve em suas coxias as novas regras político-eleitorais, para depois consultar, nas urnas, a cidadania.

A explicação oficializada pela direita: muito complicado submeter ao voto popular o conjunto de questões que determinam a reforma política. A conclusão desse raciocínio é que seria bem mais prático forjar um acordo entre deputados e senadores, deixando aos eleitores apenas a missão de aceitar – ou não – o pacote já fechado para embrulho.

Os oposicionistas não conseguem esconder seu desgosto com uma iniciativa que pode produzir duplo resultado. O primeiro é a radicalização da democracia, com o desmonte do sistema que garante maioria parlamentar aos grupos conservadores. O segundo: frustrar o plano de ver a presidente e seu partido enfrentando o longo desgaste de uma crise sem fim.

Manter a discussão sobre reforma política no Congresso constitui manobra para amarrar as mãos de Dilma, com o intuito de deixa-la ser fritada pela escalada de protestos e reivindicações. Afinal, não é mais possível, com a atual correlação de forças nas duas casas legislativas, avançar seriamente em medidas distributivistas, ampliação de direitos e fortalecimento do Estado (incluindo os serviços públicos justamente demandados pela cólera popular).

Vozes mais afoitas do reacionarismo, especialmente na imprensa tradicional, rechaçam o plebiscito como “bolivariano” ou “chavista”, apesar desse instrumento estar previsto na Constituição. Além de revelarem aversão à soberania das urnas, preferindo o cambalacho dos palácios, tornam pública sua intenção de defender o sistema eleitoral que mais lhes interessa.

A preferência confessa no conservadorismo é pelo voto distrital. Se não der para emplacar, melhor deixar tudo como está. A lógica parece simples. O voto em lista aprofunda o confronto de programas, desfaz laços de clientelismo e reduz a individualização da política. Pelos cálculos da direita, esse ambiente seria claramente favorável aos partidos de esquerda, que poderiam até formar uma nova maioria.

O voto uninominal, com financiamento empresarial, tem sido bom antídoto para amenizar cenários de confronto político-ideológico. O caminho fica livre para candidatos a deputado, alavancados por fartos recursos financeiros, estabelecerem identidade de favores e providências paroquiais com seus eleitores.

Essa é uma das razões fundamentais pelas quais, apesar do PT ter eleito três vezes o presidente da República, a esquerda não representar sequer um terço do Congresso. A engenharia política vigente multiplica o peso dos parlamentares ideologicamente nanicos e dissemina a cultura do personalismo fisiológico por todas as agremiações.

O voto distrital tornaria os deputados uma espécie de vereadores servindo na capital da República. Tornaria as campanhas eventualmente mais baratas, pois limitaria a circunscrição eleitoral, mas aprofundaria a despolitização e a fragilidade dos partidos, além de deformar a proporcionalidade. Uma legenda cujos candidatos fizessem 51% em todos os distritos, por exemplo, teoricamente poderia obter 100% das cadeiras legislativas. Como já aconteceu na Inglaterra, para citar caso menos radical, agrupamentos com 15% ou 20% dos votos nacionais poderiam ficar sem representação.

Os partidos conservadores, por isso mesmo, tratam de embaralhar as cartas e pressionar os aliados mais flácidos do governo, ao lançar a proposta de referendo. O risco de mudança no sistema, potencializado por plebiscito que condicione o Congresso, amedronta os que apostam no isolamento da presidente ou investem em mantê-la sob chantagem de bancadas estrategicamente antagônicas a seu programa.

A operação da direita, nessas circunstâncias, visa emparedar a reforma política nos corredores onde se encontra travada há vinte anos. A discussão pública desse tema não é confortável para quem quer, ainda que algo mude, deixar tudo como está.

Breno Altman é jornalista e diretor editorial do site Opera Mundi e da revista Samuel.

POR MEIO DE NOTA, LULA NEGA INTRIGA DA FOLHA



“São fantasiosas, sem qualquer base real, as opiniões que me foram atribuídas pela Folha de S.Paulo, em matéria publicada hoje na página 4 do jornal", diz o ex-presidente Lula; "em particular, a presidenta mostrou extraordinária sensibilidade ao propor a convocação de um plebiscito sobre a reforma política"; reportagem de hoje dizia que Lula atribuía a Dilma uma "barbeiragem"; quem derrapou na pista: Dilma, Lula ou a própria Folha de S. Paulo?

28 DE JUNHO DE 2013 ÀS 12:52

247 - Quem derrapou? O governo Dilma, o ex-presidente Lula ou a Folha de S. Paulo? Nesta sexta-feira, em sua matéria principal, a Folha de S. Paulo atribuiu ao ex-presidente Lula uma declaração capaz de promover seu rompimento com a presidente Dilma Rousseff. Segundo o jornal, Lula teria classificado como "barbeiragem" a sugestão de uma constituinte para discutir a reforma política (leia mais aqui).

Agora, Lula negou a intriga, numa declaração postada em seu Facebook. Leia abaixo:

“São fantasiosas, sem qualquer base real, as opiniões que me foram atribuídas pela Folha de S.Paulo, em matéria publicada hoje na página 4 do jornal. Não fiz qualquer crítica nem em público, nem em privado à atuação da presidenta Dilma Rousseff nos recentes episódios. Ao contrário, minha convicção é de que a companheira Dilma vem liderando o governo e o país com grande competência e firmeza, ouvindo a voz das ruas, construindo soluções e abrindo caminhos para que o Brasil avance, nossa democracia se fortaleça e o processo de inclusão social se consolide.

Em particular, a presidenta mostrou extraordinária sensibilidade ao propor a convocação de um plebiscito sobre a reforma política. A iniciativa tem o mérito de romper o impasse nessa questão decisiva, que há décadas vem entrando e saindo da agenda nacional, sem lograr mudanças significativas. Ouvindo o povo, nosso sistema político poderá se renovar e aperfeiçoar. É o que se espera dele”.

Luiz Inácio Lula da Silva

Blog da Cidadania - Você vai ficar parado assistindo o golpe prosperar?




Ao fim da noite de quinta-feira, recebo uma ligação surpreendente tanto pelo autor quanto pelo que disse. E quem disse – e o que disse – importa menos do que aquilo que a chamada me fez concluir: não dá mais para ficar só analisando e comentando o quadro político. Quem luta há uma década para ajudar a sustentar um projeto político-administrativo que melhorou tanto o Brasil não tem o direito de ficar só reclamando do golpe que busca interrompê-lo.

Este Blog se converteu em uma trincheira dos que discordam de uma Onda que engolfou o país e que tem produzido muito mais calor do que luz, se não apenas calor. E o signatário desta página, assim como outros poucos, aceitou, de bom grado, pagar o preço que as catarses impõem a quem se recusa a integrá-las. Tudo em prol do país.

Seria muito fácil todos os que divergimos cedermos, integrarmo-nos à Onda que pretende “mudar o Brasil” marchando pelas ruas “pacificamente” no começo e selvagemente ao fim sob o argumento de que os selvagens são “um pequeno grupo”, o qual, porém, pequeno ou não, é tolerado em praticamente todas essas manifestações, nas quais o desfecho violento já se tornou previsível, sendo poucas aquelas manifestações em que não irrompe.

Em um momento de catarse, com as massas hipnotizadas gritando slogans e exigindo qualquer coisa, e com hordas de soldados da Onda tratando de reprimir toda e qualquer discordância, valendo-se, para tanto, da difamação, do deboche e de insultos, a tentação de se omitir, de calar, de se acovardar, de renegar as próprias crenças é quase irresistível.

Eis porque, ao longo de dezenas de conversas que tive neste fatídico mês de junho, descobri que muitos dos que compartilham a opinião de que essas manifestações são orquestradas e têm fins políticos preferiram subir no muro ou, no limite, adotarem uma causa na qual não acreditam.

Dúzias e mais dúzias de analistas políticos e de cientistas sociais vêm tentando entender um processo que convulsiona o Brasil e que já cobra verdadeiras profissões de fé das pessoas, que têm que exaltar tal processo sob pena de serem excomungadas e banidas, tratadas como portadoras do que o fascismo sempre considera uma doença contagiosa: a discordância.

Na última noite, após aquela conversa telefônica dolorosa e indignante, fui dormir impressionado com uma teoria acadêmica que, posta em prática, incendiou um país continental, pôs as instituições de joelho, paralisou a economia e impôs a ela prejuízos imensos que logo serão conhecidos e, de quebra, matou e feriu pessoas, dividiu compatriotas, enfim, funcionou como uma Onda gigantesca, uma tsunami que varre tudo em seu caminho.

A Onda social é uma teoria acadêmica inspirada em fatos reais e que até virou filme. Die Welle (A Onda) é uma obra alemã. Foi filmada em 2008. O diretor Dennis Gansel inspirou-se no livro homônimo do escritor americano Todd Strasser sobre um experimento social conhecido como “Terceira Onda”. O filme foi um sucesso de bilheteria na Alemanha. Mais de 2 milhões de pessoas o assistiram.

O enredo é eloquente. Em uma escola secundária alemã, um professor tenta provar que o fenômeno nazista poderia se repetir – e o nazismo, como se sabe, começou com um movimento de massas que também pretendeu “mudar” a Alemanha e que, num primeiro momento, conseguiu erguê-la de uma situação social adversa, mas que degringolou para um dos maiores horrores que a humanidade conheceu.

Os alunos da escola do filme não acreditam que uma ditadura poderia ressurgir na Alemanha moderna, então o personagem Rainer Wenger, o professor daquela turma, propõe a ela realizarem um experimento que, em sua concepção, mostraria o quão fácil é manipular as massas.

O professor organiza o grupo de alunos em uma marcha que, executada com perfeita sincronia rítmica, faz com que todos se sintam parte de uma única entidade. Porém, uma aluna se mostra relutante. Reclama de que o experimento atenta contra a individualidade e questiona o objetivo, “a causa” e, por isso, é hostilizada pelos demais e tem que mudar de classe.

O grupo cria um símbolo, que é espalhado na forma de adesivos ou pichações por toda a cidade, uma analogia para o vandalismo em curso hoje no Brasil. No filme, um aluno chega a escalar o prédio da prefeitura para pichar um logo gigante na fachada. Além disso, o grupo faz reuniões em que só membros do movimento podem entrar.

Dali em diante, hostilizar os não-iniciados se torna uma prática incontrolável que, aos poucos, vai descambando para a violência física como a que se viu na manifestação do último dia 20 na avenida Paulista, quando grupos que não obedeceram aos ditames dos manifestantes de não usarem roupas vermelhas foram agredidos violentamente.

A Onda acaba interferindo até na relação do professor experimentalista com sua esposa, professora na mesma escola que ele. Ela percebe que o experimento foi longe demais. Inebriado com o sucesso daquele experimento, porém, o professor acusa a mulher de estar com inveja de seu sucesso e o casal acaba se separando.

Alunos que não se integraram à Onda vão deixando seus membros cada vez mais irritados ao pregarem que é preciso fazê-la parar. No caso desse filme, não havia camisas vermelhas proibidas, como aqui no Brasil, mas camisas brancas que se tornaram o uniforme obrigatório dos membros do movimento, e que os distinguiam dos não-iniciados.

No fim, o que importa é que os que se distinguem da massa catártica por ostentar ou não um símbolo acabam sendo hostilizados por ela. E, como na vida real (na manifestação supracitada), quem ostenta ou deixa de ostentar símbolos e, assim, destaca-se da massa, passa a ser agredido violentamente, seja com palavras ou com golpes.

Abaixo, para quem quiser assistir, a íntegra de Die Welle (A Onda), legendada. O filme tem uma hora e quarenta e dois minutos de duração. Sugiro que quem não assistiu, não perca. Mas, antes, peço que o leitor termine este texto, pois aqui se fará uma exortação a quem discorda e teme o processo convulsivo em que o país mergulhou.

Proponho, a partir daqui, que façamos um exercício de “especulação”. Inventemos, pois, uma situação hipotética. Digamos que um “cacique” de um partido de extrema esquerda e outro de centro-direita como Plínio de Arruda Sampaio, do PSOL, e José Serra, do PSDB, unam-se contra um inimigo comum. Dois líderes políticos de visões absolutamente antagônicas, mas que simpatizam entre si, inclusive ideologicamente (?!).

O “exemplo” é bastante verossímil quando se sabe que um político que foi fundador do PT e candidato do PSOL à Presidência em 2010, como o ex-deputado Plínio de Arruda Sampaio, disse, no fim do ano passado, preferir José Serra (PSDB) a Fernando Haddad (PT) na corrida à Prefeitura de São Paulo.

Da união imaginária desses caciques, suponhamos que surgisse um plano. Apesar de Serra ser visto hoje como um ex-esquerdista que se tornou ultraconservador a ponto de se aliar a cristãos fundamentalistas em 2010 para tentar derrotar Dilma Rousseff, o tucano se une a um dito “socialista” como Plínio, que demonstrou que sua ideologia e a do tucano, inexplicavelmente, são compatíveis a ponto de um apoiar o outro.

O partido de Plínio, como se sabe, tem uma enorme ascendência sobre grupos da USP. Como em A Onda, essa influência sobre estudantes pode permitir a elaboração de um experimento social que acaba sendo posto em prática.

Por que estudantes? Porque é na escola que existe o terreno mais fértil para fomentar Ondas, pois, ao contrário de sindicatos e movimentos sociais, a escola reúne as pessoas diariamente, impondo a elas convivência cotidiana. Some-se a isso a influência de professores como o de A Onda, capazes de mobilizar os que tutelam intelectualmente – e, às vezes, muito mais a fundo.

Os próprios estudantes não se dão conta de uma armação política. Deixam-se emprenhar pelos ouvidos e passam a acreditar na “causa”. Estão, pois, de boa-fé. E é nesse espírito que o movimento deles cresce, ganha as ruas e leva consigo um grupo disposto a fazer a parte “suja” do trabalho, que é tornar as manifestações insuportáveis, com atos de vandalismo e violência, buscando a reação de uma polícia famosa pelo seu despreparo e por seu caráter violento.

A violência policial contra meninos e meninas desperta a solidariedade de toda uma nação, que, indignada, produz hordas de cidadãos sem qualquer consciência política, mas que decidem também ir às ruas embriagados pela beleza inerente a um movimento idealista da juventude.

Como em A Onda, muitos querem sentir-se parte de um movimento vitorioso. A covardia da classe política e o oportunismo de impérios de comunicação conservadores produzem a fórmula perfeita para criar no país um clima de Queda da Bastilha, com o “poder” sendo “tomado pelo povo”. Finalmente chegou a hora de “o povo” tomar o poder, pensam as massas.

Como no filme alemão, porém, “as massas” saem de controle. Já nem sabem o que querem. Querem estar nas ruas, intimidando os políticos, mostrando que quem manda são elas. Mas que “povo” é esse? A maioria? Como aferir isso com todos intimidados por ter se tornado politicamente incorreto divergir?

O pequeno experimento social fictício do filme A Onda se transformou numa catarse verdadeira. E gigantesca. Um país que vinha melhorando, de repente se tornou imprevisível. A economia que resistia à maior crise econômica internacional da história da humanidade já caminha para mergulhar em uma hecatombe.

Investidores se recolhem, a economia é paralisada e a incerteza se torna absoluta. Os efeitos das manifestações sobre a economia em breve serão sentidos. E dificilmente serão revertidos, pois os agentes econômicos mergulharam em um turbilhão de desconfiança.

O que fazer? Nós, cidadãos comuns, pouco podemos fazer além de nos organizar em grupos que, por certo, serão pequenos. Mas centros de inteligência e de discussão terão que ser montados. Haverá que atrair pessoas que discordam para se unirem, porque quanto mais sozinhas estiverem mais terão medo de assumir seus pontos de vista.

Este Blog foi o nascedouro de uma das primeiras tentativas de organizar uma reação ao avanço de impérios de comunicação que ora se beneficiam da catarse que se abateu sobre o país. Em 2007, a partir daqui foi fundado o Movimento dos Sem Mídia, que, para quem não conhece, pode ter sua história contada pelo Google.

O MSM promoveu a primeira manifestação contra um império de comunicação do pós redemocratização, em 15 de setembro de 2007, diante do jornal Folha de São Paulo. Dali em diante, além de outras manifestações – algumas reunindo centenas de pessoas – a ONG representou contra impérios de comunicação no Ministério Público sob responsabilidade exclusiva deste que escreve, que cedeu seu nome para desafiar esses grupos empresariais que tanto mal já fizeram ao país, sendo o maior de todos atirá-lo em duas décadas de ditadura militar.

Bem, é no MSM que proponho nos entrincheirarmos. Em um momento como este, porém, sei que não serão muitos os que acorrerão, mas, sejamos quantos sejamos, se formos mais de um já seremos muitos. Sejam 5, 10, 20 ou quantos mais que queiram se reunir para discutir estratégias de reação, já seremos muitos mais do que um só, isolado em sua divergência.

Se você não quer ficar assistindo passivamente o golpe ser dado – do que decorrerá a volta da direita ao poder, com tudo que se sabe que isso encerrará de prejuízo para uma nação que vinha promovendo justiça social como nunca antes na história, com a desigualdade caindo em ritmo inédito –, convido-o a deixar aqui seu comentário de adesão à ideia.

No comentário, peço que informe seu Estado e Cidade. O e-mail você tem que colocar para postar o comentário e, como sabe, não será divulgado. Através desse e-mail vou manter contato. Organizarei um novo diretório de e-mails e vou organizar uma reunião em auditório que já consegui de graça, no qual discutiremos estratégias para fazer a iniciativa crescer.

O signatário desta página tem ideias, os que aderirem poderão trazer outras. Contudo, a discussão não pode ser aberta na internet. A ligação telefônica à qual me referi me induziu a essa crença. A partir daqui o que se fará é mobilização para encontro presencial em ambiente fechado para que se possa planejar de forma reservada os cursos de ação, pois a situação no país fugiu à normalidade.

Neste momento, minha confiança está abalada. Não sei mais distinguir um comportamento do outro. Se você se sente assim e não sabe o que fazer, aguardo seu comentário de concordância. Neste primeiro momento, busco pessoas de São Paulo e adjacências para nos reunirmos. Mas quem for de outros Estados também pode ajudar.

A você que já é filiado ao Movimento dos Sem Mídia, chegou a hora de atuar. Aguardo seu comentário para incluí-lo no novo mailing que será formado, pois vivemos uma nova conjuntura na qual as ideias sofreram mutações incessantes. Assim, é preciso ver quem continua acreditando nas causas que sempre foram abraçadas neste espaço.

Por estar constituído como Organização Não Governamental e por já dispor de alguma estrutura física para reunião e discussão, o Movimento dos Sem Mídia pode ser o instrumento para que quem diverge do que está acontecendo pelo menos possa se agarrar a uma boia salva-vidas. O resgate, porém, já é outra história. Todavia, sem afundar pelo menos pode-se buscar uma fórmula de reagir.

O futuro do país conta com você, ou melhor, com nós. Que tal fazer alguma coisa, então? Agora é com você. Ou com nós.

G1 - Quado resume resultados das manifestações



quinta-feira, 27 de junho de 2013

Onde estavam Cantanhêde e FHC quando Lula encarou a ditadura?


A colunista da Folha de São Paulo Eliane Cantanhêde cometeu um texto revoltante na edição desta quinta-feira (27) daquele jornal, no qual cobrou exposição voluntária de Lula neste momento de crise política no Brasil. E, para variar, exaltou Fernando Henrique Cardoso por estar “se expondo” enquanto o petista teria “sumido”.

Segundo Cantanhêde, “O Brasil está de pernas para o ar e os Poderes estão atônitos diante da maior manifestação em décadas, mas o personagem mais popular do país, famoso no mundo inteiro, praticamente não disse nada até ontem”.

O “personagem” em questão deu algumas declarações, sim. Primeiro, endossou os protestos e, depois, convocou movimentos sociais e sindicatos para irem à rua disputar espaço com os fascistas e oportunistas que se assenhoraram das manifestações a fim de imporem suas pautas psicóticas, como extinção dos partidos, fechamento do Congresso e até volta da ditadura.

Mas, no geral, Lula vem se mantendo discreto, sim, sobretudo por respeito à líder política da Nação, a presidente Dilma Rousseff, quem tem o dever constitucional e a primazia política para indicar aos brasileiros que direção tomar, sempre convivendo com as críticas democráticas da oposição declarada e da não-declarada, à qual a colunista em questão pertence.

O que espanta na cobrança dessa senhora é o seu nível de amnésia – ou de má fé – ao sugerir oportunismo e covardia de um homem que foi à rua em um momento da história deste país em que não se podia denunciar e, assim, acuar as forças de repressão do Estado como fizeram os jovens que a polícia agrediu com violência desmedida.

Em 1979, sob a liderança de Lula, os metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Diadema decidiram declarar greve geral da categoria. A reação das forças de repressão da ditadura, que desde o início da paralisação já era intensa, a partir dali se tornou ainda mais agressiva e violenta.

A Polícia Militar mobilizou toda a sua Tropa de Choque, cavalaria e soldados com cães para o ABC. A repressão não se limitou a bombas de efeito moral e balas de borracha. Quem enfrentava a ditadura não só corria risco de morte, mas de sofrer uma morte excruciante, sob tortura.

O ministro do Trabalho, naquele ano, decretou a segunda intervenção no sindicato presidido por Lula, cassando seus diretores da vida sindical, mas sem conseguir que se afastassem do comando do movimento.

Para calar Lula, a ditadura enviou agentes do DOPS à sua casa para prendê-lo, em uma operação coordenada pelo então governador Paulo Maluf que envolveu a prisão de inúmeros dirigentes sindicais em todo o ABC, inclusive sindicalistas e juristas de São Paulo.

Hoje é fácil sair à rua, convocar manifestações e denunciar a truculência policial. Hoje, FHC pode até dar pitacos sobre as massas que foram às ruas porque não corre risco de ir parar na cadeia ou de sumir da face da Terra. Aliás, quando esse risco era alto o “príncipe dos sociólogos” tratou de deixar o país, enquanto tantos outros ficaram e lutaram.

Àquela época, não se sabe onde andava a venenosa colunista da Folha. Provavelmente era uma menina. Talvez por isso não saiba que tanto ela quanto FHC precisarão comer muito arroz com feijão para cobrarem postura de um homem que se tornou famoso justamente por sua coragem diante de uma ditadura assassina.

Escuta essa, é piada pronta !!


Duciomar é ”Persona Non Grata” ao Município

A Câmara Municipal de Belém por unanimidade, concedeu o título de "persona non grata" ao ex prefeito Duciomar Costa. O requerimento de autoria do vereador Zeca Pirão(PMDB), teve votação unânime e, causou surpresa na bancada oposicionista uma vez que a bancada do PTB, partido do ex prefeito, estava em plenário a acompanhou a votação favorável a proposição.

Os vereadores Victor Cunha e Orlando Reis, ambos do PTB, após a votação tentaram justificar suas votações argumentando que a péssima qualidade sonora do plenário e a leitura não muito explicita do secretário da mesa, prejudicou a audição dos mesmos, que não chegaram a entender o teor da proposição. Mesmo assim o título de "persona non grata" foi aprovado.







terça-feira, 25 de junho de 2013

Adidas espera vender 1 milhão de camisas do Flamengo por ano

Herbert Hainer, CEO da Adidas (Foto: Getty Images)

Animada com as primeiras semanas de parceria, a Adidas projeta vender 1 milhão de camisas por ano do Flamengo. A começar por 2013. Herbert Hainer, CEO global da fabricante de materiais esportivos alemã, se surpreendeu com a demanda e admitiu, em entrevista ao NEGÓCIOS FC, que a empresa ainda não está pronta para atendê-la.

“Esperamos vender 1 milhão de camisas por ano com o Flamengo”, diz o executivo alemão. “O que vimos, como as camisas foram vendidas rapidamente, foi uma demanda no mercado que não conseguimos preencher, porque é muito maior do que esperávamos”.

A realidade, por enquanto, é que faltam uniformes do Flamengo para lojistas e atletas. A fornecedora lançou as camisas com festa em 23 de maio, mas ainda não conseguiu, um mês depois, levá-las em número suficiente para lojistas. Na verdade, nem mesmo todos os atletas do clube vestem Adidas. O time de futebol, a prioridade, tem o número exato de peças para usar nas partidas – nem mais, nem menos. Esportes olímpicos e funcionários do Flamengo têm recebido os uniformes gradativamente.

A estimativa de Fernando Basualdo, diretor geral da filial brasileira faz dois anos, é entregar todos os materiais até o fim deste ano. “A parte do futebol está quase coberta. Temos uma demanda que ainda temos que satisfazer. Do lado dos esportes olímpicos, realmente vai levar um pouco mais de tempo, mas estamos trabalhando e até o fim deste ano os problemas estarão resolvidos”.

A Adidas, segundo Basualdo, é muito seletiva ao sublicenciar a fabricação e a distribuição de seus materiais esportivos. No Brasil, toda fábrica escolhida pela empresa precisa cumprir várias exigências para chegar ao “padrão Adidas”. Ao todo, 50% de todas as peças têxteis são produzidas no Brasil, enquanto a outra metade é importada, de acordo com o diretor geral brasileiro.

O Flamengo, assim como Palmeiras e Fluminense, faz parte do plano global da fabricante para bater recorde de vendas e faturar 2 bilhões de euros em 2014 somente com futebol. Os alemães esperam que Basualdo consiga um ritmo de crescimento de dois dígitos no Brasil em 2013 e 2014.

O Brasil, diz Hainer, está entre os dez maiores mercados da empresa no mundo.

A Adidas quer ampliar para 17 bilhões de euros as vendas anuais do grupo, composto também pelas marcas Reebok, TaylorMade, Rockport e Reebok-CCM. A meta faz parte do plano traçado em 2010 e válido até 2015, o “Rota 2015″. Em 2012, a receita subiu 6% e chegou a 14,9 bilhões de euros.



“O Flamengo é um dos maiores clubes que temos em nosso portfólio”, diz Herbert Hainer, CEO global da Adidas (Foto: Getty Images)

Blog da Ana Júlia: Reforma Política nas mãos do povo


Reforma Política nas mãos do povo

Por Emir Sader, na Carta Maior

Na campanha eleitoral de 2010, o Lula e a Dilma chegaram a falar da convocação de uma Assembleia Constituinte Exclusiva, para uma reforma política no país. Eles tinham consciência que um Parlamento eleito pelo financiamento privado não daria um tiro no pé, abolindo esse mecanismo e promovendo o financiamento público.

Passadas as eleições, confiaram que conseguiriam aprová-la mediante negociações com os partidos, mas houve resistência do PMDB, especialmente no tema do financiamento público das campanhas eleitorais – no máximo, aceitariam para os cargos executivos, sem conceder seu lugar privilegiado de negociações nos parlamentos.

Diante do fracasso iminente da reforma e da situação de falta de representatividade partidária nas mobilizações das duas últimas semanas, Dilma deu um passo audaz: propor um plebiscito para uma Constituinte exclusiva para a reforma política.

As mobilizações das últimas semanas confirmaram para a Dilma a necessidade de uma renovação do sistema político. Os que se mobilizaram não se reconheciam em nenhum partido político. Nem aquele que tradicionalmente participava e liderava essas mobilizações – o PT – desta vez foi poupado da falta de confiança.

O plebiscito permitirá uma eleição sui generis – por ser uma Assembleia Constituinte exclusiva –, que poderá eleger uma bancada renovada de parlamentares. E abrirá caminho para remover os obstáculos postos por uma estrutura partidária que favorece o troca-troca de favores, mediante partidos de aluguel, que abundam atualmente.

No mais importante dos temas, abre caminho para o financiamento público, impedindo que o poder do dinheiro continue a ser determinante na composição de um parlamento controlado por lobbies de interesses privados.

A Dilma retoma a iniciativa política, atende a demandas populares e coloca as bases para uma renovação do sistema político brasileiro.

Reforma Política: o que eu tenho a ver com isso?

Em resposta às ruas, bancada do PT apoiará proposta de taxação de grandes fortunas

FOLHA.COM/CÁTIA SEABRA
DE BRASÍLIA

Após quatro horas e meia de reunião nesta terça-feira (25), a bancada do PT na Câmara decidiu anunciar apoio à proposta de taxação das grandes fortunas.

A iniciativa é uma tentativa de reaproximação do partido com os movimentos populares e uma reação à série de protestos que se espalharam pelo país nas últimas semanas.

"O empresariado também tem que ajudar com alguma coisa. Por que só os cofres públicos?", disse o líder do PT na Câmara, José Guimarães, frisando que essa é uma proposta da bancada.

O líder do PT defenderá publicamente a proposta na noite desta terça-feira, no plenário da Câmara.

O que é afinal a Constituinte Exclusiva que a Dilma está propondo?


Nas eleições eu votei em candidatos majoritários, Governador, Presidente e Senador. Neste caso, os mais votados se elegem. E votei também em candidatos à Deputado Estadual e Federal. Estes candidatos faziam parte da lista de candidatos de um partido, neste caso, o PT. O PT, assim como os demais partidos, tem um projeto político de poder. Durante as eleições eles apresentam (ou deveriam apresentar) este projeto, para que a população escolha entre um e outro. Não são (ou não deveriam ser) projetos pessoais e sim coletivos. Até por que, se uma pessoa quisesse governar a partir de seus projetos pessoais, isto de alguma forma seria ditadura. Por isto são os partidos (partes da sociedade) que agregam os vários militantes que concordam com o programa deste ou daquele partido. Quem vota em deputados individualmente, fazendo inclusive um voto sem nenhuma unidade programática com o argumento de que “vota nas pessoas que fazem” e não nos partidos, está enganando a si mesmo, pois o para ser candidato, é necessário o indivíduo assumir compromisso com o programa do partido (qualquer partido). Assim esta “pessoa que faz”, pode até atender demanda específica e individual, mas quando se tratar dos interesses da comunidade, este mesmo indivíduo votará com as posições da “sua bancada” e do seu partido. Meu candidato a Deputado Estadual se elegeu, o Federal não. Mas os votos de ambos contaram para eleger outros, pois os votos são na Legenda. A “legenda” é a chapa do Partido nas eleições. O problema desta forma de eleição é que ela não é precedida de nenhuma discussão prévia sobre o projeto. As pessoas se inscrevem como candidatos e quem tem mais dinheiro tem mais possibilidade de se eleger. E é assim que acontece no geral, fora raras exceções. E os eleitores acham que estão representados ou não, por que o fulano que recebeu seu voto se elegeu ou não. Pura ilusão. Quem apresenta e defende os projetos é o Partido Político e a bancada deste partido (ou deveria ser). Ocorre que a forma de votação no Brasil, aparentemente democrática, pois garante voto até nos indivíduos, é uma forma de perpetuação de determinadas pessoas no poder em detrimento de verdadeiros projetos de nação, que é o que precisamos. Este sistema faz com que a corrupção e o clientelismo “corram solto”, contaminando até mesmo a índole honesta do cidadão comum, que muitas vezes vota num candidato, por que este lhe garante algum benefício individual para si ou para sua família. A Reforma Política tem que contemplar o que é comum em outros países: O Voto em Lista. O Voto em Lista significa que o eleitor não vota mais no indivíduo, mas sim no Partido Político. E é no debate dentro do Partido Político que Serão definidos os indivíduos que terão a cada eleição o compromisso de representar aquele projeto de sociedade no período seguinte. Ao invés de se digladiarem milhares de candidatos nas ruas, disputando eleitor a eleitor e gastando rios de dinheiro, os custos se reduzem e o voto e os representantes tem mais consistência ideológica e compromisso com o projeto coletivo e não com interesses individuais e de financiadores destas mesmas caras campanhas. Isto também obrigará os partidos a assumirem posturas diferentes das que vem assumindo hoje, ao se submeterem aos interesses de meia dúzia de indivíduos que fizeram da política não um espaço de representação coletiva, mas um espaço de “troca de favores” e de enriquecimento econômico pessoal.


A REFORMA POLÍTICA É URGENTE E FUNDAMENTAL. 

Mas será que estes deputados e senadores, eleitos neste processo político viciado e que privilegia interesses de alguns, farão uma reforma que de fato mude e dignifique o fazer político extirpando a corrupção e acabando com as falcatruas? Por isto, para que haja uma REFORMA POLÍTICA DE VERDADE, é preciso que haja uma CONSTITUINTE EXCLUSIVA para esta reforma. A CONSTITUINTE EXCLUSIVA é composta de deputados constituintes eleitos a partir de um debate na sociedade e que só votarão a Reforma, dentro de um tempo pré estabelecido, extinguindo-se depois a constituinte. Isto impediria que os mesmos que estão lá, façam leis novas, mas que beneficiem os mesmos velhos políticos que sempre se locupletaram desta forma de fazer política, aumentando por exemplo os seus salários em 67% quando a inflação no ano não passou de 6%. O velho jargão “mas sempre foi assim”, não pode mais prevalecer num país como o nosso, que se pretende um dos grandes do mundo. Se “sempre foi assim”, também “sempre é tempo de mudar”. E o tempo da mudança, do sentimento de orgulho dos brasileiros e brasileiras, que o Presidente Lula nos legou, nos permite imaginar que é possível construir uma CONSTITUINTE EXCLUSIVA para fazer a REFORMA POLÍTICA e também a REFORMA TRIBUTÁRIA, tão necessárias ao país.
Por Luiz Müller

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Constituinte Exclusiva!!

Basta! Constituinte Exclusiva Já!

Dilma se reúne com presidentes do STF, Senado e OAB

Presidente reuniu 27 governadores e 26 prefeitos na segunda-feira.
Encontros são motivados por reivindicações surgidas nos protestos de rua.

Do G1, em Brasília

PACTOS NACIONAIS PROPOSTOS POR DILMA

1. Responsabilidade fiscal e controle da inflação
2. Plebiscito para formação de uma constituinte sobre reforma política
3. Saúde
4. Educação
5. Transportes

A presidente Dilma Rousseff receberá autoridades e representantes da sociedade civil em seu gabinete nesta terça-feira (25), um dia depois de propor cinco pactos nacionais por responsabilidade fiscal, reforma política, saúde, transporte e educação. Os encontros desta terça-feira começam às 10h, com o presidente da OAB, Marcus Vinícius Coêlho. Às 15h, haverá reunião com o presidente do STF, Joaquim Barbosa. Às 16h30, a presidente receberá representantes de movimentos sociais urbanos e, às 17h30, o presidente do Senado, Renan Calheiros.

Dilma convocou na segunda-feira 27 governadores e 26 prefeitos de capitais como resposta à série de manifestações que levaram milhares às ruas em protesto contra aspectos da conjuntura política, econômica e a qualidade dos serviços públicos (veja o pronunciamento da presidente e reportagem do Jornal Nacional nos vídeos ao lado).

A presidente apresentou a proposta de convocação de um plebiscito para que o eleitorado decida sobre a convocação de um processo constituinte específico destinado a fazer a reforma política.

"Quero neste momento propor um debate sobre a convocação de um plebiscito popular que autorize o funcionamento de um processo constituinte específico para fazer a reforma política que o país tanto necessita. O Brasil está maduro para avançar e já deixou claro que não quer ficar parado onde está", declarou a presidente.

Ministros e ex-ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) ouvidos pelo G1 dizem que não há previsão legal para uma Assembleia Constituinte destinada a tratar exclusivamente da reforma política, como propõe a presidente, e que se uma Constituinte é convocada, os integrantes têm liberdade para reformar toda a Constituição e não precisariam se restringir exclusivamente a um tema. Uma outra corrente de juristas defende que a reforma de uma parte da Constituição pode, sim, ser feita por uma Constituinte exclusiva. Neste caso, teria que ser aprovada uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) prevendo a possibilidade.

O discurso da presidente Dilma recebeu críticas de lideranças da oposição no Congresso e apoio de parlamentares governistas.

A convocação de uma Assembleia Constituinte exclusiva para realizar reforma política já tinha sido proposta em 2006 pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Uma proposta semelhante também foi protocolada no começo deste mês pelo deputado federal Leonardo Gadelha (PSC-PB).

Durante o encontro de segunda, Dilma Rousseff propôs pacto por responsabilidade fiscal, estabilidade da economia e controle da inflação; além do endurecimento da legislação para fazer com que a corrupção dolosa seja classificada como crime hediondo, "com penas severas".

Na saúde, a presidente pediu aos governadores e prefeitos a aceleração dos investimentos já contratados em hospitais, unidades de pronto-atendimento e unidades básicas de saúde e ampliar a adesão de hospitais filantrópicos ao programa do Ministério da Saúde que troca dívidas por mais atendimento. Além disso, o governo quer incentivar a ida de médicos para as cidades que mais necessitam de atendimento de saúde, e, quando não houver brasileiros disponíveis, contratar médicos estrangeiros para trabalhar exclusivamente no Sistema Único de Saúde (SUS). Outro ponto é a ampliação de vagas em cursos de medicina, com a criação de 11.447 novas vagas de graduação e 12.376 novas vagas de residência médica para estudantes brasileiros até 2017.

Para os transportes, ela anunciou a criação do Conselho Nacional do Transporte Público, destinação de mais de R$ 50 bilhões para novos investimentos em obras de mobilidade urbana e ampliação da desoneração do PIS-Cofins sobre o óleo diesel dos ônibus e a energia elétrica consumida por metrô e trens.

Para a área de educação, Dilma pediu apoio para o projeto que destina 100% dos royalties da exploração do petróleo para a educação, em tramitação no Congresso.

Altamiro Borges: Dilma retoma a iniciativa; direita chia!


Por Altamiro Borges

Os protestos de rua que agitam o país começam a produzir efeitos que desagradam os oportunistas da direita, que tentaram pegar carona nas mobilizações e apostaram no caos. Diante dos governadores de 27 estados e dos prefeitos de 26 capitais, a presidenta Dilma Rousseff apresentou nesta segunda-feira uma proposta de “cinco pactos em favor do Brasil”, que sinaliza uma certa guinada à esquerda. Com esta atitude, que dialoga com as insatisfações da sociedade e com os movimentos sociais, o governo federal retoma a iniciativa política. As primeiras reações iradas dos líderes do PSDB, DEM e PPS e dos “calunistas” de plantão da mídia indicam que a oposição sentiu o baque.

Acima de tudo, a presidenta Dilma reafirmou seu compromisso com a democracia e mostrou-se sensível às pressões das ruas. Ela não seguiu o caminho autoritário das elites neoliberais e da sua mídia, que tratam as lutas sociais como “caso de polícia”. Logo pela manhã, ela se reuniu com os jovens integrantes do Movimento Passe Livre (MPL), que lideraram os protestos pela redução das passagens dos transportes. Na sequência, ela apresentou suas propostas aos governadores, prefeitos e lideranças políticas. “O povo está agora nas ruas dizendo que as mudanças continuem. Que elas se ampliem, que elas ocorram ainda mais rápido. Ele está nos dizendo que quer mais cidadania”, afirmou.

Com exceção do item sobre a responsabilidade fiscal, que serve apenas para acalmar os banqueiros, os outros quatro pontos do “pacto” tem um tom progressista: reforma política, incluindo um plebiscito popular que aprove a convocação de uma Constituinte exclusiva, e a inclusão da corrupção como crime hediondo; maiores investimentos na saúde, incluindo a vinda de médicos estrangeiros para trabalhar nas zonas carentes; investimentos nos transportes públicos, com mais metrôs, veículos leves sobre trilhos e corredores de ônibus; e investimentos na educação pública, com a aprovação no Congresso da destinação de 100% dos recursos dos royalties do petróleo para o setor.

A proposta que gerou a reação mais dura e imediata da oposição de direita foi a da convocação, por meio de plebiscito, da Assembleia Constituinte exclusiva para fazer uma “ampla e profunda reforma politica que amplie a participação popular e os horizontes da cidadania” – como enfatizou a presidenta. PSDB, DEM e PPS temem a ampliação e a radicalização da democracia. Juntamente com a mídia golpista, estes partidos tentam desmoralizar a política para retornar ao poder. Eles são contra mudanças no sistema político e eleitoral, como a proibição do financiamento privado das campanhas e a adoção de mecanismo de maior transparência e participação da sociedade.

Em nota oficial, os três partidos da direita criticaram a realização do plebiscito para consultar a população sobre a realização de uma constituinte exclusiva acerca da reforma política. Eles acusaram o governo Dilma de querer atropelar o parlamento, que nunca se debruçou seriamente sobre o tema, e ainda tiveram a caradura de afirmar que “os brasileiros querem um país diferente” – talvez aquele do trágico reinado de FHC. O senador Aécio Neves também estrebuchou: “A presidente frustrou todos os brasileiros. Foi um Brasil velho falando para um Brasil novo”, esbravejou o cambaleante presidenciável tucano, que nos últimos dias até parecia um incendiário.

Quem, porém, melhor resumiu os temores da oposição de direita foi o “calunista” Reinaldo Azevedo. Em seu blog na revista Veja, ele rosnou que a Constituinte exclusiva é “uma tentativa de golpe bolivariano”. Angustiado, o egocêntrico ainda criticou a oposição de direita. “Tenho advertido aqui há três semanas que esse negócio de ser reverente às massas na rua acaba dando em porcaria... Não acho que essa porcaria vá prosperar, mas é claro que estou preocupado. Ao mesmo tempo, fico satisfeito. Então eu não estava doido, não! Muita gente boa se perdeu nesse processo porque não conseguiu resistir ao encanto das massas na rua”.

PETISTAS REPUDIAM “TOM ELEITOREIRO” DA OPOSIÇÃO



Em nota assinada pelo líder do PT na Câmara, deputado José Guimarães (CE), bancada afirma que "a oposição agride as instituições ao propor de maneira astuta CPI para os gastos da Copa do Mundo e das Olimpíadas"; sugestão foi dada em nota assinada por Aécio Neves, presidente do PSDB, e pelos presidentes do DEM e do PPS; texto dos petistas defende ainda que "transparência é o que não falta no orçamento e nos gastos federais"

25 DE JUNHO DE 2013 ÀS 08:38

247 - Em nota divulgada pela bancada da Câmara, o PT repudia "o tom eleitoreiro, politiqueiro e demagógico da nota divulgada pelo condomínio PSDB, DEM e PPS". No texto, os líderes da oposição pedem a criação de uma CPI para a Copa do Mundo, a fim de "auditar todos os gastos realizados" com a promoção do Mundial, "informando quanto de recursos públicos foi realmente utilizado".

Para os petistas, liderados pelo deputado José Guimarães (CE), líder do partido na Câmara, a iniciativa "frauda a realidade e tenta desviar a população do foco real dos problemas nacionais". Ainda segundo o texto, "a oposição agride as instituições ao propor de maneira astuta CPI para os gastos da Copa do Mundo e das Olimpíadas". E afirma que "transparência é o que não falta no orçamento e nos gastos federais, porém, o mesmo não podemos afirmar sobre isto nos estados de Minas Gerais, Goiás, São Paulo e Paraná, governados pelos tucanos".
Quanto ao título da nota divulgada pelos presidentes do PSDB, DEM e PPS, "Os Brasileiros Querem um Brasil Diferente", os petistas respondem que "um novo Brasil está sendo construído há dez anos, não aquele pais que quebrou três vezes em mãos tucanas". Leia abaixo a íntegra da nota:


PARTIDOS DOS TRABALHADORES

GABINETE DA LIDERANÇA

Nosso Brasil é o da soberania popular!

A Bancada do Partido dos Trabalhadores na Câmara repudia o tom eleitoreiro, politiqueiro e demagógico da nota divulgada pelo condomínio PSDB, DEM e PPS, já que frauda a realidade e tenta desviar a população do foco real dos problemas nacionais. A Bancada do PT, que há uma semana saudou as manifestações pacíficas que têm ocorrido em todo o País, recorda que vários dos problemas colocados por milhares de jovens são bandeiras históricas da sociedade. Ao mesmo tempo, destaca a decisão da presidenta Dilma Rousseff de, sintonizada com as manifestações democráticas, lançar nesta segunda-feira as bases para um grande pacto pelo desenvolvimento social do país.

A intensificação do combate à corrupção, por exemplo, anunciado pela presidenta, é uma decorrência natural de um processo iniciado em 2003, quando começaram a ser adotadas medidas implacáveis em defesa dos recursos públicos, como nunca houve antes na história do Brasil. No governo do PSDB, basta lembrar que um dos primeiros gestos do ex-presidente FHC, no primeiro dia de governo, em janeiro de 1995, foi extinguir, por decreto, a Comissão Especial de Investigação, instituída no governo Itamar Franco e composta por representantes da sociedade civil, que tinha como objetivo combater a corrupção.

A oposição agride as instituições ao propor de maneira astuta CPI para os gastos da Copa do Mundo e das Olimpíadas. Está mais uma vez trabalhando contra os interesses do Brasil. Ofende o TCU e o Ministério Público ao afirmar de maneira criminosa que existem orçamentos secretos nas licitações de obras públicas. Transparência é o que não falta no orçamento e nos gastos federais, porém, o mesmo não podemos afirmar sobre isto nos estados de Minas Gerais, Goiás, São Paulo e Paraná, governados pelos tucanos.

Um novo Brasil está sendo construído há dez anos, não aquele pais que quebrou três vezes em mãos tucanas, que recorria de maneira humilhante ao FMI, onde o desemprego campeava e os jovens tinham poucas vagas no ensino técnico, pois os gênios tucanos proibiram a expansão das vagas nas escolas técnicas federais. Com nosso governo, nos tornamos a sexta economia do mundo, com crescimento e distribuição de renda, a despeito da maior crise econômica mundial dos últimos 80 anos; nos tornamos credores do FMI, temos reservas de 370 bilhões de dólares.

Com dez anos de PT no governo, 40 milhões de pessoas ascenderam à classe média. As demandas aumentaram, mas esse é o lado positivo de um modelo que se sustenta na defesa dos interesses da maioria da população. Ao contrário do modelo elitista tucano e de seus aliados DEM e PPS, com arrocho salarial, desemprego, temos hoje no Brasil uma população maior, com aumento do poder aquisitivo e, portanto, demandando mais inclusão, mais distribuição de renda, acesso a mais e melhores empregos, a bens e serviços e melhorias na qualidade de vida com base num modelo ambientalmente sustentável. Surgem, portanto, novos desafios para os governantes de todos os níveis.

O governo federal, o PT e a Bancada petista na Câmara estão em plena sintonia com as ruas e com o processo de transformação em curso, em busca de um País mais justo, solidário, desenvolvido e soberano. O povo brasileiro já demonstrou três vezes nas urnas que rompeu com o modelo neoliberal do PSDB, DEM e PPS de tão triste memória.

O Brasil que os brasileiros estão construindo está nos cinco pactos propostos hoje pela presidenta Dilma. É o Brasil da responsabilidade fiscal e controle da inflação; é o Brasil das propostas concretas para a saúde, educação e transportes; além do plebiscito para formação de uma Constituinte sobre reforma política.

Assim, o Poder Legislativo, através de suas duas Casas, vai estar em sintonia com as ruas e com o governo da presidenta Dilma. Daí a importância de acelerarmos a votação de propostas que já tramitam na Casa, como a de 100% dos royalties para a educação; a ampliação do financiamento da saúde e a desoneração do transporte coletivo e seus insumos.

No momento, cabe a todas as instituições do estado democrático dialogar com os movimentos que estão nas ruas. Não cabe, porém, como tentam PSDB, DEM e PPS, tentar tirar proveito de um movimento legítimo, pois o histórico destas agremiações partidárias tem como marca seu caráter antinacional e sua aversão à transparência e à soberania popular.

Brasília, 24 de junho de 2013

Deputado José Guimarães-PT/CE

Líder da Bancada na Câmara

Blog A Perereca da Vizinha traz cobertura impressionante sobre a manifestação de ontem em Belém. Vale a pena "passar" por lá !!

(Foto: Mayara Pina/Facebook)

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Tijolaço - Direita reage ao plebiscito. Vem batalha aí

Já começaram as reações hostis à decisão da Presidenta Dilma Rousseff de colocar o povo no centro das decisões sobre as mudanças no país.

O ex-presidente do Supremo, Carlos Velloso, chamou de disparate a ideia de uma constituinte exclusiva, cuja convocação seria decidida por plebiscito.

Curioso é que ele nunca hesitou em legislar no STF, sem voto nenhum.

Há previsão constitucional do plebiscito, mas é fora de dúvida que a questão vai acabar sendo decidida no Supremo. E ficará a ele a decisão de permitir ou não que o povo exerça sua soberania.

O homem do chapeuzinho, Reinaldo Azevedo, já disse que a “ torção à esquerda do processo político”.

Taí… Vamos lá na rua, meter fogo em tocha e sapatear sobre o Congresso. É um convite e tanto para um “by pass” no Parlamento , sob aplauso de muita gente que deveria estar pedindo para aquela gente descer de lá.

E tome pau no financiamento público de campanhas e na possibilidade – fantasmagórica – que que o controle da mídia esteja embutido na reforma política.

A mídia também vai ficar numa sinuca de bico.

Se a “classe política” é imprestável, se o Congresso perdeu legitimidade, se o povo tem razão em dizer que “eles não nos representam”, como ficar contra o direito do povo de escolher representantes para mudar as leis de organização política que nos levaram a este quadro de esvaziamento das instituições?

É curioso: todos são contra os privilégios. Os dos outros, claro, não os seus próprios privilégios.

Quer dizer que o povo pode pedir mudança nas ruas, mas não pode pedir nas urnas?

Por: Fernando Brito

E aí governador !?!?!?!?


Dilma propõe 5 pactos e plebiscito para constituinte da reforma política

Presidente reuniu 27 governadores e 26 prefeitos de capitais em Brasília.
Encontro foi motivado pelas reivindicações surgidas nos protestos de rua.

Priscilla Mendes, Fabiano Costa e Nathalia PasarinhoDo G1, em Brasília

A presidente Dilma Rousseff propôs na tarde desta segunda-feira (24) aos 27 governadores e aos 26 prefeitos de capitais convidados por ela para reunião no Palácio do Planalto a adoção de cinco pactos nacionais (por responsabilidade fiscal, reforma política, saúde, transporte, e educação).

Em relação ao segundo pacto, a presidente disse que apoiará a discussão de uma proposta de convocação de um plebiscito para que o eleitorado decida sobre a convocação de um plebiscito popular para um processo constituinte específico destinado a fazer a reforma política.

"Quero neste momento propor um debate sobre a convocação de um plebiscito popular que autorize o funcionamento de um processo constituinte específico para fazer a reforma política que o país tanto necessita. O Brasil está maduro para avançar e já deixou claro que não quer ficar parado onde está", declarou a presidente.

A reunião com governadores e prefeitos foi convocada como forma de resposta à série de manifestações que levaram milhares às ruas em protesto contra aspectos da conjuntura política, econômica e a qualidade dos serviços públicos.

Economia
O primeiro pacto apresentado pela presidente a governadores e prefeitos foi por responsabilidade fiscal, estabilidade da economia e controle da inflação . "Este é um pacto perene para todos nós", declarou.

Segundo a presidente, o pacto pela preservação dos fundamentos da economia "é uma dimensão especialmente importante no momento atual, quando a prolongada crise econômica mundial ainda castiga as nações".

Reforma política
No capítulo da reforma política, Dilma propôs aprofundar a participação popular por meio de um debate sobre a convocação de um plebiscito.

De acordo com a presidente, o processo constituinte seria específico para estabelecer regras da reforma política. Uma reforma política pode produzir mudanças na forma de escolha de governantes e parlamentares, financiamento de campanhas eleitorais, propaganda na TV e no rádio e outros pontos.

Segundo Dilma, o debate da reforma política "entrou e saiu" várias vezes da pauta nas últimas décadas.

"É necessário que nós [...] tenhamos a iniciativa de romper um impasse. Quero neste momento propor um debate sobre a convocação de um plebiscito popular que autorize o funcionamento de um processo constituinte específico para fazer a reforma política que o país tanto necessita", disse.

Corrupção
A presidente defendeu um combate "contundente" à corrupção e disse que, para isso, é necessário endurecer a legislação, de modo a que a corrupção dolosa seja classificada como crime hediondo, "com penas severas".

A direita está tentando construir o seu golpe

Nota da CUT sobre convocação anônima de greve geral
Quem convoca greve é sindicato e não eventos no Facebook

Nem a CUT nem as demais centrais sindicais, legítimas representantes da classe trabalhadora, convocaram greve geral para o dia 1º de julho.

A Executiva Nacional da CUT está reunida nesta segunda-feira (24), em São Paulo, para debater a conjuntura, reafirmar sua pauta de reivindicações e decidir um calendário de mobilizações em defesa da pauta da Classe Trabalhadora, de forma responsável e organizada, como sempre fizemos.

A convocação para a ‘suposta’ greve geral do dia 1º, que surgiu em uma página anônima do Facebook, é mais uma iniciativa de grupos oportunistas, sem compromisso com os/as trabalhadores/as, que querem confundir e gerar insegurança na população. Mais que isso: colocar em risco conquistas que lutamos muito para conseguir, como o direito de livre manifestação.

É preciso tomar muito cuidado com falsas notícias que circulam por meio das redes sociais.

Vagner Freitas
Presidente Nacional da CUT

Sérgio Nobre
Secretário-geral

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Dilma propõe Constituinte para fazer reforma política

Publicado em Segunda, 24 Junho 2013 20:08 Escrito por Daniel Pearl

Acompanhada de governadores para tratar de soluções para os problemas apontados pelos manifestantes que realizam protestos em todo o país, a presidente Dilma Rousseff fez, na tarde desta segunda-feira, um pronunciamento em que propôs cinco pactos entre os governos federal, estaduais e municipais. Os principais pontos são:

1) Pacto pela responsabilidade fiscal: medidas para garantir a estabilidade da economia e o controle da inflação;

2) Pacto pela construção de uma ampla e profunda reforma política, que amplie a participação popular. Dilma disse que vai propor um plebiscito para decidir pela convocação de uma Constituinte exclusiva para tratar da reforma política no país.
3) Pacto pela saúde: os principais pontos citados foram o aceleramento dos investimentos já contratados em hospitais, a ampliação da adesão dos hospitais filantrópicos ao programa que troca dívidas por atendimentos. Ela também disse que incentivará a ida de médicos para outras regiões afastadas dos grandes centros — incluindo a contratação de médicos estrangeiros.
4) Pacto por um salto de qualidade no transporte público das grandes cidades: a presidente propõe mudar a matriz de transporte, com a ampliação do número de metrôs e corredores de ônibus. Dilma prometeu destinar R$ 50 bilhões em novos investimentos em obras de mobilidade urbana e anunciou a criação do Conselho Nacional de Transporte Público, com participação da sociedade civil. Ela também sugeriu a criação de conselhos semelhantes nas cidades.
5) Pacto pela educação pública: Dilma citou alguns dos pontos essenciais da reforma que propõe na educação: escola em tempo integral, ensino profissionalizante, ensino superior de qualidade, pesquisa, bom salário para professores.
— Quero garantir que o meu governo está ouvindo as vozes democráticas que emergem das ruas e que peçam mudanças. É preciso que todos entendam esses sinais — disse a presidente, antes de passar a palavra a ministros, prefeitos e governadores com quem está reunida. 

Fonte: Zero Hora

“Não se faz saúde sem médico”, diz Padilha

O déficit de médicos no país – 1,9 profissional por mil habitantes, enquanto na Argentina, por exemplo, são três por mil pessoas; e na Espanha, quatro – soma-se a outros importantes desafios do setor, como dar qualidade ao Sistema Único de Saúde (SUS), reduzindo o tempo de espera para atendimento, e explorar ao máximo as parcerias público-privadas


“Não se faz saúde sem médico”. Com essa frase, Alexandre Padilha, ministro da Saúde, aponta um dos principais desafios de sua pasta e do país. O ministério analisa propostas para importar médicos estrangeiros para compor os quadros em hospitais públicos, iniciativa que tem gerado polêmica. “Chegou a hora de o Brasil planejar o número de médicos que quer ter”, afirma Padilha ao Valor.

O déficit de médicos no país – 1,9 profissional por mil habitantes, enquanto na Argentina, por exemplo, são três por mil pessoas; e na Espanha, quatro – soma-se a outros importantes desafios do setor, como dar qualidade ao Sistema Único de Saúde (SUS), reduzindo o tempo de espera para atendimento, e explorar ao máximo as parcerias público-privadas.

“Não basta avaliar a saúde no Brasil por seus indicadores [o país é referência no tratamento da aids, em imunização, bate recordes em transplantes, por exemplo]. Temos que aperfeiçoar a humanização do atendimento”, diz Padilha. Integrantes do ministério e do governo, além de empresários e especialistas, vão debater assuntos ligados à saúde pública brasileira hoje no seminário “Saúde: desafios de hoje e amanhã”, promovido pelo Valor com apoio da Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma).

O ministério, que completa 60 anos em julho, também vai aproveitar o evento para anunciar hoje dois novos medicamentos contra hepatite C – Telaprevir e Boceprevir – disponíveis em 110 hospitais de referência em todo o país. O tratamento deve beneficiar 5,5 mil pacientes, evitando que entrem na fila do transplante. Essa ação pode gerar economia de R$ 378 milhões com transplantes de fígado no SUS. Outro importante medicamento que começa ser distribuído pelo sistema é o Fator VIII Recombinante, para o tratamento da hemofilia. O remédio é resultado de parceria para transferência de tecnologia entre a Hemobras e a multinacional Baxter. “Apenas três empresas no mundo produzem esse medicamento”, diz Padilha.

Na semana passada, o ministério anunciou novos acordos de transferência de tecnologia. O país conta com 90 Parcerias para o Desenvolvimento Produtivo (PDPs) que envolvem a transferência de tecnologia para a produção, no Brasil, de 77 medicamentos.

“O SUS tem suas vitórias, mas há limites”, diz Antonio Britto, presidente-executivo da Interfarma. Para ele, é preciso discutir a atual capacidade de universalizar o acesso à população. “Tivemos uma redução extraordinária da mortalidade infantil, o sucesso do programa de vacinação, mas temos de ficar atentos aos índices de insatisfação da população em relação à dificuldade de acesso”.

Atualmente, 25% da população brasileira (cerca de 50 milhões de pessoas) têm seguro privado. “Mas esses 25% consomem 55% do total gasto com saúde. Os outros 75% [cerca de 150 milhões de pessoas], que dependem exclusivamente do SUS, consomem os 45% restantes”, diz Britto. Os gastos do país com saúde, acrescenta Britto, ficam em 8,8% do PIB – a média mundial é de 9,4%. “Não é verdade que se gasta pouco com saúde no Brasil, mas precisa ser melhor avaliado.”

Outro ponto que precisa ser planejado é o envelhecimento da população nos próximos anos. “Como esse modelo se sustenta no futuro? “, questiona o executivo. “Tem que se analisar questões econômicas. O governo tem se apoiado nas PDPs, mas o país importa 88% dos princípios ativos dos remédios que produz.”

O país tem como base parte dos modelos de saúde implantados nos EUA e na Europa. “Na Europa, onde o Estado se coloca como provedor de saúde, o modelo é motivo de orgulho do continente, mas a crise financeira pode comprometer esse sistema”, pondera Britto. Nos EUA, o governo fez suas apostas baseada na oferta privada de serviços, o que traz injustiças para uma parte considerável da população, que fica marginalizada.

Para Judith Salerno, diretora-executiva do Instituto de Medicina dos Estados Unidos, o desafio fundamental para o sistema de saúde americano é que, ao contrário de outros países desenvolvidos, os EUA não prestam cuidados de saúde universal. “Hoje, mais de 46 milhões de americanos não têm seguro de saúde”. As reformas instituídas, em 2010, com a promulgação da “Affordable Care Act” (ACA, lei conhecida como Obamacare) vai estender a cobertura a essa parcela da população a partir de outubro de 2014, por meio do programa público Medicaid e a criação de mercados de seguros de saúde, conhecidos como intercâmbios, onde os americanos podem comprar seguro de saúde privado.

A diferença fundamental entre os sistemas de saúde brasileiro e dos EUA é que o Brasil oferece cuidados de saúde universal e gratuito como um direito dos cidadãos. “Os EUA ainda não está lá. No entanto, com maior acesso vem maiores desafios ao Brasil, país grande e diversificado geograficamente. Atendimento de qualidade terá de guiar os dois países no futuro”, diz Judith.

(Valor Econômico)


DILMA REFORÇA: NÃO HÁ "UM CENTAVO" DA UNIÃO PARA ESTÁDIOS



"A matéria do UOL está errada", informa o Palácio do Planalto por meio de nota divulgada nesta segunda-feira; reportagem do portal afirma que, "ao contrário do que diz Dilma" em seu pronunciamento na última sexta-feira, "há sim dinheiro federal em obras de estádios da Copa de 2014"; presidente esclarece: "É importante reforçar que todos os investimentos públicos do Governo Federal para a preparação da Copa 2014 são em obras estruturantes que vão melhorar em muito a vida dos moradores das cidades"; nota diz ainda que "isenções fiscais não podem ser consideradas gastos"

24 DE JUNHO DE 2013 ÀS 09:40

247 - O Palácio do Planalto divulgou nota nesta segunda-feira 24 esclarecendo que areportagem do portal UOL publicada neste domingo "está errada". Segundo a presidente Dilma Rousseff, "não há um centavo do Orçamento da União direcionado à construção ou reforma das arenas para a Copa".

A matéria do portal afirma que, "ao contrário do que diz Dilma" em seu pronunciamento oficial, na última sexta-feira, "há sim dinheiro federal em obras de estádios da Copa de 2014". Diz o texto: "Somados os incentivos fiscais, subsídios em empréstimos e até participação em arenas, a União já comprometeu cerca de R$ 1,1 bilhão com os locais para jogos do Mundial".

A nota do Planalto informa que "não há recurso algum do Orçamento da União para a obra de nenhuma das arenas". Segundo o governo, "isenções fiscais não podem ser consideradas gastos" e "todos os investimentos públicos do Governo Federal para a preparação da Copa 2014 são em obras estruturantes que vão melhorar em muito a vida dos moradores das cidades".

Leia abaixo:

Nota à imprensa: esclarecimentos sobre investimentos do governo federal para a Copa do Mundo
Publicado em 24/06/2013

A matéria veiculada pelo Portal UOL na manhã deste domingo (23), assinada por Rodrigo Mattos e Vinicius Konchinski, distorce informações, faz relações incorretas e induz o leitor a uma interpretação errada dos fatos. Cabe esclarecer o seguinte:

- Não há um centavo do Orçamento da União direcionado à construção ou reforma das arenas para a Copa.

- Há uma linha de empréstimo, via BNDES, com juros e exigência de todas as garantias bancárias, como qualquer outra modalidade de crédito do banco. O teto do valor do empréstimo, para cada arena, é de R$ 400 milhões, estabelecido em 2009, valor que permanece o mesmo até hoje. O BNDES tem taxas de juros específicas para diversas modalidades de obras e projetos. O financiamento das arenas faz parte de uma dessas modalidades.

- Não houve qualquer aporte de recursos do Orçamento da União nos últimos anos para a Terracap (Companhia Imobiliária de Brasília). Portanto, a matéria do UOL está errada. Não há recurso algum do Orçamento da União para a obra de nenhuma das arenas, o que inclui o Estádio Nacional Mané Garrincha.

- Isenções fiscais não podem ser consideradas gastos, porque alavancam geração de empregos e desenvolvimento econômico e social, e são destinadas a diversos setores e projetos. Só as obras com as seis arenas concluídas até agora geraram 24.500 empregos diretos, além de milhares de outros indiretos, principalmente na área da construção civil.

- É importante reforçar que todos os investimentos públicos do Governo Federal para a preparação da Copa 2014 são em obras estruturantes que vão melhorar em muito a vida dos moradores das cidades. São obras de mobilidade urbana, portos, aeroportos, segurança pública, energia, telecomunicações e infraestrutura turística.

- A realização de megaeventos representa para o país uma oportunidade para acelerar investimentos em infraestrutura e serviços, melhorando as cidades e a qualidade de vida da população brasileira. Os investimentos fortalecem a imagem do Brasil, de seus produtos no exterior e incrementa o turismo no país, gerando mais empregos e negócios para o povo brasileiro.

Ministério do Esporte, Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão

Fonte : Blog do Planalto, Postado por Marcia Vieira

DILMA QUER PLEBISCITO POR CONSTITUINTE EXCLUSIVA



Presidente surpreende, retoma iniciativa política e faz proposta concreta de consulta popular para a convocação de assembleia constituinte exclusiva, para fazer uma reforma política; Dilma Rousseff quer cinco pactos pelo País: responsabilidade fiscal, reforma política, melhorias em saúde, transportes e educação; "As ruas estão nos dizendo que o País quer serviços públicos de qualidade", diz a presidente; como deputados e senadores irão reagir ao plebiscito?; dá para ser contra?; a princípio, povo sai ganhando

24 DE JUNHO DE 2013 ÀS 15:37

247 – A presidente Dilma Rousseff surpreendeu o País e lançou a proposta de convocar um plebiscito nacional para conhecer a opinião da população sobre a convocação de uma assembleia nacional constituinte exclusiva para realizar uma reforma política. Ela não deu detalhes sobre os termos da consulta popular nem quando ocorreria ou como seria a delimitação do assunto. Mesmo assim, com a iniciativa Dilma resgatou para si o comando da questão política, defendendo uma proposta inovadora. Já há interpretações que apontam para a montagem de uma assembleia constituinte sem, necessariamente, a participação dos atuais deputados federais e senadores, mas feita a partir de candidaturas avulsas aos partidos políticos. O tema promete dominar os debates nos próximos dias.

A presidente iniciou a reunião com 27 governadores de Estado e 26 prefeitos de capitais lembrando que o Brasil vive um regime de “estabilidade econômica com amplas liberdades democráticas”. Dilma frisou que o País tem uma das menores taxas de desemprego do mundo. “O povo está agora nas ruas dizendo que quer que as mudanças continuem, se ampliem, ocorram mais rápido”, disse a presidente. “Está nos dizendo que quer mais cidadania, serviços públicos de qualidade, mecanismos mais eficientes de combate à corrupção, representação política permeável onde o cidadão, e não o poder, esteja em primeiro lugar”.


Pactos

"Não há por que ficarmos acomodados e divididos. Trago propostas concretas", disse a presidente Dilma Rousseff ao iniciar a reunião com prefeitos e governadores. Ela falou em cinco pactos, entre eles um pela responsabilidade fiscal, em prol da estabilidade da economia e do controle da inflação. A presidente também falou um plebiscito para a convocação de assembleia constituinte para fazer exclusivamente uma reforma política. Além disso, Dilma propôs que a corrupção dolosa passe a ser crime hediondo.

"Nos últimos anos, o Brasil tem feito um grande esforço na melhoria da mobilidade urbana", disse a presidente, anunciando mais R$ 50 bilhões em obras de mobilidade urbana, que privilegiarão o transporte coletivo. Dilma também anunciou a criação do Conselho Nacional do Transporte Público, com a participação da sociedade, para acompanhar o valor das tarifas. "Reafirmo o meu compromisso de ajudá-los para garantir paz e tranquilidade às nossas cidades. Mas repito que estamos ouvindo as vozes das ruas, que pedem mudanças. Só elas podem nos impulsionar a andar ainda mais rápido", comentou.

Na reunião, a presidente voltou a defender o investimento de 100% dos royalties do pré-sal na educação. "Confio que os senhores progressistas aprovarão esse projeto, que tramita em regime de urgência constitucional", disse. "Avançamos muito nas últimas décadas para reverter o atraso secular da nossa educação. Mas agora precisamos de mais recursos", argumentou. A presidente também destacou a contratação de médicos estrangeiros, que ela já havia abordado em seu pronunciamento à nação, na semana passada.

Cide

Os protestos originados pelo aumento da passagem em diversas cidades pelo país já se aproximam de sua primeira proposta prática para melhorar o transporte público brasileiro. Prefeitos e governadores que se reúnem com a presidente Dilma Rousseff na tarde desta segunda-feira pretendem propor que a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) sobre a gasolina e o álcool, que vem sendo reduzida desde 2008, como parte do incentivo à compra de carros, volte a ser cobrada, mas para a constituição de um fundo que financie o transporte público coletivo.

Na avaliação da Frente Nacional de Prefeitos (FNP), além de subsidiar o transporte público, a medida ainda serviria para desestimular o tranporte individual. Só neste ano, o governo deixou de arrecadar R$ 2,23 bilhões pela redução da Cide. Desde 2008, a arrecadação dispensada soma R$ 22 bilhões, nos cálculos do Centro de Brasileiro de Infraestrutura (CBIE). O governo usou o esvaziamento da Cide para tentar segurar a inflação, numa tentativa de contrabalançar o impacto do congelamento da gasolina no caixa da Petrobras. Mas, diante da elavação da taxa de inflação em direção ao teto da meta, de 6,5%, a medida não rendeu os frutos esperados.

Além de dispensar a Cide, o governo federal abriu mão de outros R$ 8 bilhões nos últimos anos ao reduzir o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) de carros, na mesma política de incentivo à indústria automobilística. "A FNP lidera propostas como a atração de médicos estrangeiros, luta pela aprovação do Reitup (Regime Especial de Incentivos para o Transporte Coletivo Urbano e Metropolitano de Passageiros) e defende a incidência da Cide sobre a gasolina e o álcool para a constituição de um fundo que financie o transporte público coletivo, barateando ainda mais as tarifas", defende o presidente da FNP e prefeito de Porto Alegre (RS), José Fortunati.

Gratuidade

Segundo o ministro das Cidades, Aguinaldo Ribeiro, a pauta da FNP, de municipalização da Cide, já é de conhecimento do governo federal e será discutida na reunião com os prefeitos e os governadores. Ele falou à imprensa após a reunião da presidente Dilma Rousseff com representantes do Movimento Passe Livre (MPL), onde os ativistas apresentaram sua demanda pela tarifa 'zero' no transporte público. "Essa questão da gratuidade será tratada em reuniões futuras", disse o ministro.

Ribeiro admitiu que "a qualidade do serviço precisa melhorar". "Há trinta anos não se investia em mobilidade urbana no país. O tema que voltou a ser discutido em 2011", disse. "Temos de destacar um movimento de urbanização. Hoje temos 84% da população brasileira morando nas cidades", destacou. "Isso sem dúvida fez a exigência da sociedade brasileira por essa questão: uma tarifa que aumenta se confronttando com uma qualidade de servido que diminiu", resumiu, dizendo que o clima da reunião de Dilma com o MPL foi "amistoso".

Leia registro da Agência Brasil sobre as propostas de Dilma:

Dilma propõe Constituinte exclusiva para reforma política

Da Agência Brasil

Brasília - Na abertura da reunião com governadores e prefeitos, a presidenta Dilma Rousseff disse que vai propor a convocação de um plebiscito que autorize uma Constituinte para fazer a reforma política.

"O Brasil está maduro para avançar e já deixou claro que não quer ficar parado onde está", disse a presidenta.

Dilma Rousseff propôs ainda uma nova legislação que considere a "corrupção dolosa [quando há intenção] como crime hediondo", com penas mais severas. A presidenta pediu ainda agilização na implantação da Lei de Acesso à Informação.

A presidenta defendeu ainda pacto de responsabilidade fiscal, com o objetivo de manter a estabilidade da economia e o controle da inflação.

Edição: Carolina Pimentel

sábado, 22 de junho de 2013

ESTÁ TUDO TÃO ESTRANHO, E NÃO É À TOA



Socióloga e militante Marília Moschkovitch explica como os protestos, nascidos de uma pauta de esquerda, do Movimento Passe Livre, estão sendo sequestrados por grupos fascistas e por uma agenda manipulada e imposta pelos grandes grupos de mídia. Algumas perguntas estão suspensas no ar: (1) por que jornais e televisões estimularam a repressão em São Paulo, em nome do trânsito e do direito de ir e vir? (o que fomentou novas manifestações); (2) por que esses mesmos grupos passaram, depois, a condenar qualquer ação da polícia? (o que tem estimulado atos de vandalismo); Marília pergunta se ela está louca; a verdade: não, ela não está louca e produziu uma das análises mais sensatas até agora

22 DE JUNHO DE 2013 ÀS 21:19

Por Marília Moschkovich

Está tudo tão estranho, e não é à toa.

Um relato do quebra-cabeças que fui montando nos últimos dias. Aviso que o post é longo, mas prometo fazer valer cada palavra.


[*nota da autora, adicionada após muitos comentários e compartilhamentos desviando um pouco o sentido do texto: este é um texto de esquerda]

Começo explicando que não ia postar este texto na internet. Com medo. Pode parecer bobagem, mas um pressentimento me dizia que o papel impresso seria melhor. O papel impresso garantiria maiores chances de as pessoas lerem tudo, menores chances de copiarem trechos isolados destruindo todo o raciocínio necessário.

Enquanto forma de comunicação, o texto exige uma linearidade que é difícil. Difícil transformar os fatos, as coisas que vi e vivi nos últimos dias em texto. Estou falando aqui das ruas de São Paulo e da diferença entre o que vejo acontecer e o que está sendo propagandeado nos meios de comunicação e até mesmo em alguns blogs.

Talvez essa dimensão da coisa me seja possível porque conheço realmente muita gente, de vários círculos; talvez porque sempre tenha sido ligada à militância política, desde adolescente; talvez porque tenha tido a oportunidade de ir às ruas; talvez porque pude estar conectada na maior parte do tempo. Não sei. Mas gostaria de compartilhar com vocês.

E gostaria que, ao fim, me dissessem se estou louca. Eu espero verdadeiramente que sim, pois a minha impressão é a de que tudo é muito mais grave do que está parecendo.

Tentei escrever este texto mais ou menos em ordem cronológica. Se não foi uma boa estratégia, por favor me avisem e eu busco uma maneira melhor de contar. Peço paciência. O texto é longo.

1. Contexto é bom e mantém a pauta no lugar

Hoje é dia 18 de junho de 2013. Há uma semana, no dia 10, cerca de 5 mil pessoas foram violentamente reprimidas pela Policia Militar paulista na Avenida Paulista, símbolo da cidade de São Paulo. Com a transmissão dos horrores provocados pela PM pela internet, muitas pessoas se mobilizaram para participar do ato seguinte, que seria realizado no dia 13. A pauta era a revogação no aumento das tarifas de ônibus, que já são caras e já excluem diversos cidadãos de seu direito de ir e vir, frequentando a própria cidade onde moram.

No dia 13, então, aconteceu a primeira coisa estranha, que acendeu uma luzinha amarela (quase vermelha de tão laranja) na minha cabeça: os editoriais da folha e do estadão aprovavam o que a PM tinha feito no dia 10 de junho e, mais do que isso, incentivavam ações violentas da pm“em nome do trânsito” [aliás, alguém me faz um documentário sensacional com esse título, faz favor? ]. Guardem essa informação.

Logo após esses editoriais, no fim do dia, a PM reprimiu cerca de 20milpessoas. Acompanhei tudo de casa, em outra cidade. Na primeira hora de concentração para a manifestação foram presas 70 pessoas, por sua intenção de participar do protesto. Essa intenção era identificada pela PM com o agora famoso “porte de vinagre” (já que vinagre atenua efeitos do gás lacrimogêneo). Muitas pessoas saíram feridas nesse dia e, com os horrores novamente transmitidos - mas dessa vez também pelos grandes meios de comunicação, inclusive esses dos editoriais da manhã, que tiveram suas equipes de reportagem gravemente feridas -, muita gente se mobilizou para o próximo ato.

2. Desonestidade pouca é bobagem

No próprio dia 13, à noite, aconteceu a segunda “coisa estranha”. Logo no final da pancadaria na região da Paulista, sabíamos que o próximo ato seria na segunda-feira, dia 17 de junho. Me incluíram num evento no Facebook, com exatamente o mesmo nome dos eventos do MPL, as mesmas imagens, bandeiras, etc. Só que marcado para sexta-feira, o dia seguinte. Eu dei “ok”, entrei no evento, e comecei a reparar em posts muito, mas muito esquisitos. Bandeiras que não eram as do MPL (que conheço desde adolescente), discursos muito voltados à direita, entre outros. O que estava ali não era o projeto de cidade e de país que eu defendo, ou que o MPL defende.

Dei uma olhada melhor: eram três pessoas que haviam criado o evento. Fucei o pouco que fica público no perfil de cada um. Não encontrei nenhuma postagem sobre nenhuma causa política. Apenas postagens sobre outros assuntos. Lá no fim de um dos perfis, porém, encontrei uma postagem com um grupo de pessoas em alguma das tais marchas contra a corrupção. Alguma coisa com a palavra “Juventude”, não me lembro bem. Ficou claro que não tinha nada a ver com o MPL e, pior que isso, estavam tentando se passar pelo MPL.

Alguém me deu um toque e observei que a descrição dizia o trajeto da manifestação (coisa que o MPL nunca fez, até hoje, sabiamente). Além disso, na descrição havia propostas como “ir ao prédio da rede globo” e “cantar o hino nacional”, “todos vestidos de branco”. O alerta vermelho novamente acendeu na minha cabeça. Hino nacional é coisa de integralista, de fascista. Vestir branco é coisa de movimentos em geral muito ou totalmente despolitizados. Basta um mínimo de perspectiva histórica pra sacar. Pois bem.

Ajudei a alertar sobre a desonestidade de quem quer que estivesse organizando aquilo e meu alerta chegou a uma das pessoas que, parece, estavam envolvidas nessa organização (ou conhecia quem estava). O discurso dela, que conhece alguém que eu conheço, era totalmente despolitizado. Ela falava em “paz”, “corrupção” e outras palavras de ordem vazias que não representam reivindicação concreta alguma, e muito menos um projeto de qualquer tipo para a sociedade, a cidade de São Paulo, etc. Mais um pouco de perspectiva histórica e a gente entende no que é que palavras de ordem e reivindicações vazias aleatórias acabam. Depois de fazer essa breve mobilização na internet com várias outras pessoas, acabaram mudando o nome e a foto do evento, no próprio dia 13 de noitão. No dia seguinte transferiram o evento para a segunda-feira, “para unir as forças”, diziam.

3. E o juiz apita! Começa a partida!

Seguiu-se um final de semana extremamente violento em diversos lugares do país. Era o início da Copa das Confederações e muitos manifestantes foram protestar pelo direito de protestarem. O que houve em sp mostrou que esse direito estava ameaçado. Além disso, com a tal “lei da copa”, uma legislação provisória que vale durante os eventos da FIFA, em algumas áreas publicas se tornam proibidas quaisquer tipos de manifestações políticas. Quer dizer, mais uma ameaça a esse direito tão fundamental numa [suposta] democracia.

No final de semana as manifestações não foram tão grandes, mas significativas em ao menos três cidades: Belo Horizonte, Brasília e Rio de Janeiro. No DF e no RJ as polícias militares seguiram a receita paulista e foram extremamente violentas. A polícia mineira, porém, parecia um exemplo de atuação cidadã, que repassamos, compartilhamos e apoiamos em redes sociais do lado de cá do sudeste.

Não me lembro bem, mas acho que foi no intervalo entre uma coisa e outra que percebi a terceira “coisa estranha”. Um pouco depois do massacre na região da Paulista, e um pouco antes do final de semana de horrores, mais um sinal: ficamos sabendo que uma conhecida distante, depois do dia 13, pegou um ônibus para ir ao Rio de Janeiro. Essa pessoa contou que a PM paulista parou o ônibus na estrada, antes de sair do Estado de São Paulo. Mandaram os passageiros descerem e policiais entraram no veículo. Quando os passageiros subiram novamente, todas as coisas, bolsas, malas e mochilas estavam reviradas. A policial perguntou a essa pessoa se ela tinha participado de algum dos protestos. Pediu pra ver o celular e checou se havia vídeos, fotografias, etc.

Não à toa e no mesmo “clima”, conto pra vocês a quarta “coisa estranha”: descobrimos que, após o ato em BH, um rapaz identificado como uma das lideranças políticas de lá foi preso, em sua casa. Parece que a nossa polícia exemplar não era tão exemplar assim, mas agora ninguém compartilhava mais. Coisas semelhantes aconteceram em Brasília, antes mesmo das manifestações começarem.

4. Sequestraram a pauta?

Então veio a segunda-feira. Dia 17 de junho de 2013. Ontem. Havia muita gente se prontificando a participar dos protestos, guias de segurança compartilhados nas redes, gente montando pontos de apoio, etc. Uma verdadeira mobilização para que muita gente se mobilizasse. Estávamos otimistas.

Curiosamente, os mesmos meios de comunicação conservadores que incentivaram as ações violentas da PM na quinta-feira anterior (13) de manhã, em seus editoriais, agora diziam que de fato as pessoas deveriam ir às ruas. Só que com outras bandeiras. Isso não seria um problema, se as pessoas não tivessem, de fato, ido à rua com as bandeiras pautadas por esses grupos políticos (representados por esses meios de comunicação). O clima, na segunda-feira, era outro. Era como se a manifestação não fosse política e como se não estivesse acontecendo no mesmo planeta em que eu vivo. Meu otimismo começou a decair.

A pauta foi sequestrada por pessoas que estavam, havia alguns dias, condenando os manifestantes por terem parado o trânsito, e que são parte dos grupos sociais que sempre criminalizaram os movimentos sociais no Brasil (representados por um pedaço da classe política, estatisticamente o mais corrupto - não, não está nem perto de ser o PT -, e pelos meios de comunicações que se beneficiam de uma política de concessões da época da ditadura). De repente se falava em impeachment da presidenta. As pessoas usavam a bandeira nacional e se pintavam de verde e amarelo como ordenado por grandes figurões da mídia de massas, colunistas de opinião extremamente populares e conservadores.

As reações de militantes variavam. Houve quem achasse lindo, afinal de contas, era o povo nas ruas. Houve quem desconfiasse. Houve quem se revoltasse. Houve quem, entre todos os sentimentos possíveis, ficasse absolutamente confuso. Qualquer levante popular em que a pauta não eh muito definida cria uma situação de instabilidade política que pode virar qualquer coisa. Vimos isso no início do Estado Novo e no golpe de 1964, ambos extremamente fascistas. Não quer dizer que desta vez seria igual, mas a história me dizia pra ficar atenta.

5. Não, sequestraram o ato!

A passeata do dia 17, segunda-feira, estava marcada para sair do Largo da Batata, que fica numa das pontas da avenida Faria Lima. Não se sabia, não havia decisão ainda, do que se faria depois. Aos que não entendem, a falta de um trajeto pré-definido se justifica muito bem por duas percepções: (i) a de que é fácil armar emboscadas para repressão quando divulga-se o trajeto; e, (ii) mais importante do que isso, a percepção de que são as pessoas se manifestando, na rua, que devem definir na hora o que fazer. [e aqui, se vocês forem espertos, verão exatamente onde está a minha contradição - que não nego, também me confunde]

A passeata parecia uma comemoração de final de copa do mundo. Irônico, não? Começamos a teorizar (sem muita teoria) que talvez essa fosse a única referência de manifestações públicas que as pessoas tivessem, em massa:o futebol. Os gritos eram do futebol, as palavras de ordem eram do futebol. Muitas camisetas também eram do futebol.Havia inclusive uns imbecis soltando rojões, o que não é muito esperto pois pode gerar muito pânico considerando que havia poucos dias muita gente ali tinha sido bombardeada com gás lacrimogêneo. Havia pessoas brincando com fogo. [guardem essa informação do fogo também]

Agora uma pausa: vocês se lembram do fato estranho número dois?O evento falso no facebook? Bom, o trajeto desse evento falso incluía a Berrini, a ponte Estaiada e o palácio dos Bandeirantes, sede do governo do Estado. Reparem só.

Quando a passeata chegou ao cruzamento da Faria Lima com a Juscelino, fomos praticamente empurrados para o lado direito. Nessa hora achamos aquilo muito esquisito. Em nossas cabeças, só fazia sentido ir à Paulista, onde havíamos sido proibidos de entrar havia alguns dias. Era uma questão de honra, de simbologia, de tudo. Resolvemos parar para descobrir se havia gente indo para o lado oposto e subindo a Brigadeiro até a Paulista. Umas amigas disseram que estavam na boca do túnel. Avisei pra não irem pelo túnel que era roubada. Elas disseram então que estavam seguindo a passeata pela ponte, atravessando a Marginal Pinheiros.

Demoramos um tanto pra descobrirmos, já prontos pra ir para casa broxados, que havia gente subindo para o outro lado. Gente indo à esquerda. Era lá que preferíamos estar. Encontramos um outro grupo de pessoas conhecidas e amigas e seguimos juntos. As palavras de ordem não mudaram. Eram as mesmas em todos os lugares. As pessoas reproduziam qualquer frase de efeito tosca de maneira acrítica, sem pensar no que estavam dizendo. Efeito “multidão”, deve ser.

As frases me incomodaram muito. Nem uma só palavra sobre o governador que ordenara à PM descer bala, cassetete e gás na galera havia poucos dias. Que promove o genocídio da juventude negra nessa cidade todos os dias, há 20 anos. Nem mesmo uma. Os culpados de todos os problemas do mundo, para os verde-amarelos-bandeira-hino eram o prefeito e a presidenta. Ou essas pessoas são ignorantes, ou são extremamente desonestas.

Nem chegamos à Paulista, incomodados com aquilo. Fomos para casa nos sentindo muito esquisitos. Aí então conseguimos entender que aquelas pessoas do evento falso no facebook tinham conseguido de alguma maneira manobrar uma parte muito grande de pessoas que queria ir se manifestar em outro lugar. A falta de informação foi o que deu poder para esse grupo naquele momento específico. Mas quem era esse grupo? Não sei exatamente. Mas fiquei incomodada.

6. O centro em chamas.

Quem diria que essa sensação bizarra e sem nome da segunda-feira faria todo sentido no dia seguinte? Fez. Infelizmente fez. O dia seguinte, “hoje”, dia 18 de junho de 2013, seria decisivo. Veríamos se as pessoas se desmobilizariam, se a pauta da revogação do aumento se fortaleceria. Essa era minha esperança que, infelizmente, não se confirmou. A partir daqui são todos fatos recentes, enquanto escrevo e vou tentar explica-los em ordem cronológica. Aviso que foram fazendo sentido aos poucos, conforme falávamos com pessoas, ouvíamos relatos, descobríamos novas informações. Essa é minha tentativa de relatar o que eu vi, vivi, experienciei.

No fim da tarde, pegamos o metrô Faria Lima lotadíssimo um pouco depois do horário marcado para a manifestação. Perguntei na internet, em redes sociais, se o ato ainda estava na concentração ou se estava andando, e para onde. Minha intenção era saber em qual estação descer. Me disseram, tomando a televisão como referencia (que é a referencia possível, já que não havia um único comunicado oficial do MPL em lugar algum) que o ato estava na prefeitura. Guardem essa informação.

Fomos então até o metrô República. Helicópteros diversos sobrevoavam a praça e reparei na quinta “coisa estranha”: quase não havia polícia. Acho que vimos uns três ou quatro controlando curiosamente a ENTRADA do metrô e não a saída… Quer dizer, quementrasse no metro tinha mais chance de ser abordado do que quem estava saindo, ao contrário do dia 13.

A manifestação estava passando ali e fomos seguindo, até que percebemos que a prefeitura era outro lado. Para onde estavam indo essas pessoas? Não sabíamos, mas pelos gritos, pelo clima de torcida de futebol, sabíamos que não queríamos estar ali, endossando algo em que não acreditávamos nem um pouco e que já estávamos julgando sermeio perigoso. Quando passamos em frente à câmara de vereadores, a manifestação começou a vaiar e xingar em massa. Oras, não foram eles também que encheram aquela câmara com vereadores? O discurso de ser “apolítico” ou “contra” a classe política serve a um único interesse, a história e a sociologia nos mostram: o dos grupos conservadores para continuarem tocando a estrutura social injusta como ela é, sem grandes mudanças. Pois era esse o discurso repetido ali.

Resolvemos então descer pela rua Jandaia e tentar voltar à Sé, poisdisseram nas redes sociais que o ato real, do MPL, estava no Parque Dom Pedro. Como aquilo fazia mais sentido do que um monte de pessoas bem esquisitas, com cartazes bem bizarros, subindo para a Paulista, lá fomos nós.

Outro fato estranho, número seis: no meio da Rua Jandaia, num local bem visível para qualquer passante nos viadutos do centro, um colchão em chamas. A manifestação sequer tinha passado ali. Uma rua deserta e um colchão em chamas. Para quê? Que tipo de sinal era aquele? Quem estava mandando e quem estava recebendo? Guardamos as mascaras de proteção com medo de sermos culpados por algo que não sabíamos sequer de onde tinha vindo e passamos rápido pela rua.

Cruzamos com a mesma passeata, mais para cima, que vinha lá da região que fica mais abaixo da Sé, mas não sabíamos ainda de onde. Atrás da catedral, esperamos amigos. Uma amiga disse que o marido estava chateado porque não conseguiu pegar trem na Vila Olímpia. Achamos normal, às vezes a CPTM trava mesmo, daí essa porcaria de transporte e os protestos, etc. pois bem. Guardem a informação.

Uma amiga ligou dizendo que estava perto do teatro municipal e do Vale do Anhangabaú, que estava “pegando fogo”. Imbecil que me sinto agora, na hora achei que ela estava falando que estava cheio de gente, bacana, legal. [que tonta!] Perguntei se era o ato do MPL, se tinha as faixas do MPL. Ela disse que sim mas não confiei muito.Resolvemos ir ver.

[A partir daqui todos os fatos são “estranhos”. Bem estranhos.]

O clima no centro era muito tenso quando chegamos lá. Em nenhum dos outros lugares estava tão tenso. Tudo muito esquisito sem sabermos bem o quê. Os moradores de rua não estavam como quem está em suas casas. Os moradores de rua estavam atentos, em cantos, em grupos. Poucos dormiam. Parecia noite de operação especial da PM (quem frequenta de verdade a cidade de São Paulo, e não apenas o próprio bairro, sabe bem o que é isso entre os moradores de rua).

Só que era ainda mais estranho: não havia polícia. Não havia polícia no centro de São Paulo à noite. No meio de toda essa onda. Não havia polícia alguma. Nadinha de nada, em lugar nenhum.

Na Sé, descobrimos mais ou menos o caminho e fomos mais ou menos andando perto de outras pessoas. Um grupo de franciscanos estava andando perto de nós, também. Vimos uma fumaça preta. Fogo. MUITO fogo. Muito alto. O centro em chamas.

Tentamos chegar mais perto e ver. Havia pessoas trepadas em construções com latas de spray enquanto outros bradavam em volta daquela coisa queimando que não conseguíamos identificar. Outro colchão? Os mesmos que deixaram o colchão queimando na Jandaia? Mas quem eram eles?

De repente algumas pessoas gritaram e nós,mais outros e os franciscanos, corremos achando que talvez o choque estaria avançando. Afinal de contas, era óbvio que a polícia iria descer o cacete em quem tinha levantado aquele fogaréu (aliás, será q ela só tinha visto agora, que estava daquele tamanho todo?). Só que não.

Na corrida descobrimos que era a equipe da TV Record. Estavam fugindo do local - a multidão indo pra cima deles - depois de terem o carro da reportagem queimado. Não, não era um colchão. Era o carro de reportagem de uma rede de televisão. O olhar no rosto da repórter me comoveu. Ela, como nós, não conseguia encontrar muito sentido em tudo que estava acontecendo. Ao lado de onde conversávamos, uns quatro policiais militares. Parados. Assistindo o fogo, a equipe sendo perseguida… Resolvemos dar no pé que bobos nós não somos. Tinha algo muito, mas muito errado (e estranho) ali.

Voltamos andando bem rápido para a Sé, onde os moradores de rua continuavam alertas, e os franciscanos tentavam recolher pertences caídos pelo chão na fuga e se organizarem novamente para dar continuidade a sua missão. Nós não fomos tão bravos e decidimos voltar para nossas casas.

7. Prelúdio de um… golpe?

No metrô um aviso: as estações de trem estavam fechadas. É, pois é, aquela coisa que havíamos falado antes e tal. Mal havíamos chegado em casa, porém, uma conhecida posta no facebook que um amigo não conseguiu chegar em lugar nenhum porque algumas pessoas invadiram os trilhos da CPTM e várias estações ficaram paradas, fechadas. Não era caos “normal” da CPTM, nem problemas “técnicos” como a moça anunciava. Era de propósito. Seriam os mesmos do colchão, do carro da Record?

Lemos, em seguida, em redes sociais, que havia pessoas saqueando lojas e destruindo bancos no centro. Sabíamos que eram o mesmos. Recebi um relato de que uma ocupação de sem-teto foi alvo de tentativa (?) de incêndio. Naquele momento sabíamos que, quem quer que estivesse por trás do “caos” no centro, da depredação de ônibus na frente do Palácio dos Bandeirantes no dia anterior, de tentativas de criar caos na prefeitura, etc. não era o MPL. Também sabíamos que não era nenhum grupo de esquerda: gente de esquerda não quer exterminar sem-teto. Esse plano é de outro grupo político, esse que manteve a PM funcionando nos últimos 20 anos com a mesma estrutura da época da ditadura militar.

Algum tempo depois, mais uma notícia: em Belo Horizonte, onde já se fala de chamar a Força Nacional e onde os protestos foram violentíssimos na segunda-feira, havia ocorrido a mesma coisa.Depredação total do centro da cidade, sem nenhum policial por perto. Nenhunzinho. Muito estranho.

Nessa hora eu já estava convencida de que estamos diante de uma tentativa muito séria de golpe, instauração de estado de exceção, ou algo do tipo. Muito séria. Muito, muito, muito séria. Postei algumas coisas no facebook, vi que havia pessoas compartilhando da minha sensação. Sobretudo quem havia ido às ruas no dia de hoje.

Um pouquinho depois, outra notícia: a nova embaixadora dos EUA no Brasil é a mesma embaixadora que estava trabalhando no Paraguai quando deram um golpe de estado em Fernando Lugo.

Me perguntaram e eu não sei responder qual golpe, nem por que. Mas se o debate pela desmilitarização da polícia e pelo fim da PM parece que finalmente havia irrompido pelos portões da USP, esse seria um ótimo motivo. Nem sempre um golpe é um golpe de Estado. Em 1989 vivemos um golpe midiático de opinião pública, por exemplo. Pode ser que estejamos diante de outro. Essa é a impressão que, ligando esses pontos, eu tenho.

Já vieram me falar que supor golpe “desmobiliza” as pessoas, que ficam em casa com medo. De forma alguma. Um “golpe” não são exércitos adentrando a cidade. Não necessariamente. Um “golpe” pode estar baseado na ideia errônea de que devemos apoiar todo e qualquer tipo de indignação, apenas porque “o povo na rua é tão bonito!”.

Curiosamente, quando falei sobre a manifestação do dia 13 com meus alunos, no dia 14, vários deles me perguntaram se havia chances de golpes militares, tomadas de poder, novas ditaduras. A minha resposta foi apenas uma, que ainda sustento sobre este possível golpe de opinião pública/mídia: em toda e qualquer tentativa de golpe, o que faz com que ela seja ou não bem-sucedida é a resposta popular ao ataque. Em 1964, a resposta popular foi o apoio e passamos a viver numa ditadura. Nos anos 2000, a reposta do povo venezuelano à tentativa de golpe em Chávez foi a de rechaço, e a democracia foi restabelecida.

O ponto é que depende de nós. Depende de estarmos nas ruas apoiando as bandeiras certas (e há pessoas se mobilizando para divulgar em tempo real, de maneira eficaz, onde está o ato contra o aumento da passagem, porque já não podemos dizer que é apenas “um” movimento, como fez Haddad em sua entrevista coletiva). Depende de nos recusarmos a comprar toda e qualquer informação. Depende de levantarmos e irmos ver com nossos próprios olhos o que está acontecendo.

[update: escrevi um pouco melhor sobre como eu acho que esse “golpe” continua se desenhando; somando novas peças ao quebra-cabeças. leia aqui se interessar]

Se essa sequencia de fatos faz sentido pra você, por favor leia e repasse o papel. Faça uma cópia. Guarde. Compartilhe. Só peço o cuidado de compartilharem sempre integralmente. Qualquer pessoa mal-intencionada pode usar coisas que eu disse para outros fins. Não quero isso.

Quero apenas que vocês sigam minha linha de raciocínio e me digam: estamos mesmo diante da possibilidade iminente de um golpe?

Estou louca?

Espero sinceramente que sim. Mas acho que não.