BLOG DO VICENTE CIDADE

Este blog tem como objetivo falar sobre assuntos do cotidiano, como política, economia, comportamento, curiosidades, coisas do nosso dia-a-dia, sem grandes preocupações com a informação em si, mas na verdade apenas de expressar uma opinião sobre fatos que possam despertar meu interesse.

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

MANTEGA: FMI É "EQUIVOCADO E INCOERENTE"



Ministro da Fazenda bate duro no relatório do FMI que critica a política fiscal brasileira e mereceu destaque alarmista na imprensa brasileira. “Em 2009, o FMI uniu-se a nós no G20 para enfrentar essa crise e recomendou que os países concedessem estímulos fiscais. Depois houve uma recaída. O Brasil continuou dando estímulos fiscais, mas outros países não deram. O que aconteceu? Os países europeus caíram numa recessão”, disse o ministro. “O FMI continuou reclamando, dizendo que os países exageraram no ajuste fiscal. Então me parece absolutamente incoerente o relatório.”

24 DE OUTUBRO DE 2013 ÀS 17:59

Wellton Máximo
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O relatório do Fundo Monetário Internacional (FMI) que critica o aumento de gastos do governo brasileiro nos últimos anos está equivocado e é incoerente, disse hoje (24) o ministro da Fazenda, Guido Mantega. Segundo ele, a metodologia para avaliar a dívida bruta do país está errada, o que leva o organismo internacional a superestimar o impacto dos gastos sobre as contas públicas.

O ministro questionou as ressalvas do FMI em relação à política fiscal brasileira. Segundo o ministro, as reduções de impostos e os aumentos de gastos contribuíram para manter a atividade econômica em meio à crise internacional e o relatório contradiz recomendações do próprio Fundo Monetário para combater a crise.

“Em 2009, o FMI uniu-se a nós no G20 [grupo das 20 maiores economias do planeta] para enfrentar essa crise e recomendou que os países concedessem estímulos fiscais. Depois houve uma recaída. O Brasil continuou dando estímulos fiscais, mas outros países não deram. O que aconteceu? Os países europeus caíram numa recessão”, disse o ministro. “O FMI continuou reclamando, dizendo que os países exageraram no ajuste fiscal. Então me parece absolutamente incoerente o relatório.”

De acordo com o ministro, o relatório também não está alinhado com as recomendações do economista-chefe do próprio FMI, o francês Olivier Blanchard. “Acho que esse relatório foi feito por um escalão técnico, que não está afinado com os principais instrumentos do Fundo Monetário. O economista-chefe deles é muito mais afinado com as ideias e os programas que fazemos aqui”, criticou Mantega. O ministro lembrou declarações de Blanchard, que disse considerar o Brasil um dos países emergentes mais resistentes à crise e superou melhor as turbulências externas, sem fuga de capital externo.

Divulgado ontem (23), o relatório do FMI critica a política fiscal praticada pelo Brasil. Segundo a publicação, o aumento de gastos tem levado à “erosão” das estruturas fiscais do país e fez o governo recorrer cada vez mais a receitas extraordinárias, como dividendos de estatais, e a manobras contábeis para alcançar a meta fiscal. O Fundo Monetário apoia ainda o aumento dos juros básicos pelo Banco Central e reduziu de 4,25% para 3,5% a previsão de crescimento potencial do país – quanto o país consegue crescer anualmente sem provocar inflação.

Mantega citou ainda a emissão e a troca de US$ 3,2 bilhões de títulos do Tesouro Nacional no exterior, ocorrida ontem (23). Segundo ele, a demanda somou US$ 10 bilhões, o que indica que a confiança dos investidores internacionais em relação à economia brasileira continua elevada.

“A operação [de emissão e de troca de títulos] bem-sucedida. Isso demonstra o grande interesse e a grande confiança que existem no Brasil porque tivemos um grande afluxo de investidores estrangeiros assim que oferecemos o papel”, comentou. O ministro, no entanto, não fez uma avaliação sobre o fato de os juros dos papéis terem alcançado os maiores níveis em mais três anos. As taxas de juros também servem como medida do grau de confiança em relação a um país.

Ibope mostra Dilma com 41%, Aécio, com 14% e Campos com 10%


Em todos os cenários pesquisados, atual presidente venceria no 1º turno.
Nas simulações de segundo turno, ela também venceria todos os rivais.

Do G1, em Brasília
7 comentários
Pesquisa Ibope divulgada nesta quinta-feira (24) indica que a presidente Dilma Rousseff tem 41% das intenções de voto e venceria no primeiro turno se a eleição de 2014 fosse hoje e os adversários fossem o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), e o senador Aécio Neves (PSDB-MG), no cenário que atualmente seria o mais provável.
Nessa hipótese, Aécio soma 14% das intenções de voto e Campos, 10%. As opções por voto nulo ou branco acumulam 22% e outros 13% disseram que não sabem em quem votar ou não responderam.
Gráfico pesquisa Ibope presidente (Foto: Editoria de Arte / G1)
O Ibope ouviu 2.002 eleitores entre as últimas quinta (17) e quarta (23) em 143 municípios. A margem de erro da pesquisa é dois pontos percentuais para mais ou para menos.
Em pesquisa Ibope anterior, divulgada em 26 de setembro pelo jornal "O Estado de S. Paulo", Dilma aparecia com 38%. Mas, naquela ocasião, a ex-senadora Marina Silva ainda não havia se filiado ao PSB de Campos – ela cogitava concorrer pela Rede Sustentabilidade, partido cujo registro foi negado no início deste mês pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Naquela pesquisa, Marina tinha 16%, Aécio, 11%, e Campos, 4%.
Outros cenários
Em todos os demais cenários, Dilma também venceria no primeiro turno.
No cenário no qual o candidato do PSB seria a ex-senadora Marina Silva, em vez do governador Eduardo Campos, o resultado seria o seguinte:
- Dilma Rousseff: 39%
- Marina Silva: 21%
Aécio Neves: 13%
- Brancos/nulos: 16%
- Não sabe/não respondeu: 11%
No cenário em que o candidato do PSDB é o ex-governador de São Paulo José Serra e o do PSB, Eduardo Campos:
- Dilma Rousseff: 40%
- José Serra: 18%
- Eduardo Campos: 10%
- Brancos/nulos: 19%
- Não sabe/não respondeu: 12%
Com Marina como candidata do PSB e Serra como candidato do PSDB, o Ibope apurou o seguinte resultado:
- Dilma Rousseff: 39%
Marina Silva: 21%
- José Serra: 16%
- Brancos/nulos: 15%
- Não sabe/não respondeu: 10%
Segundo turno
Nas simulações de segundo turno, Dilma venceria todos os demais adversários. Veja abaixo:
- Dilma Rousseff: 47%
- Aécio Neves: 19%
- Branco/nulo: 22%
- Não sabe/não respondeu: 11%
- Dilma Rousseff: 42%
- Marina Silva: 29%
- Branco/nulo: 18%
- Não sabe/não respondeu: 11%
- Dilma Rousseff: 45%
- Eduardo Campos: 18%
- Branco/nulo: 24%
- Não sabe/não respondeu: 14%
- Dilma Rousseff: 44%
- José Serra: 23%
- Branco/nulo: 20%
- Não sabe/não respondeu: 13%

E AÍ, VAMOS CONVERSAR ?!?!?! PMBD Lança campanha de Helder rodeado de petistas.


 Lançamento do movimento do PMDB "Queremos ouvir o Pará". Importante momento de discussões em Belém sobre o futuro do nosso Estado - sábado (18.10.13)
 




Altamiro Borges: Ser de esquerda na era neoliberal

Altamiro Borges: Ser de esquerda na era neoliberal

Por Emir Sader, no sítio Carta Maior:

Um instituto que fez a pesquisa e os editorialistas da velha mídia se enroscaram nos seus resultados, sem entender o seu significado. Afinal, se a maioria dos brasileiros é de direita – parte que vota na Dilma e parte que vota na oposição - porque a direita tem perdido sempre e continuará a perder as eleições? Por que os políticos mais populares do pais são Lula e Dilma e os mais impopulares FHC e Serra?


Uma primeira interpretação, apressada, é que se trataria de um governo de direita, daí receber o voto de setores que se dizem de direita. O país viveria um êxtase direitista, em que governo e oposição não se diferenciariam, ambos de direita. Tese tão a gosto da ultraesquerda e de setores da direita, ambos adeptos da tese de que o PT apenas repete o que os tucanos fizeram.

Tese absurda, porque já ninguém pode negar que o Brasil mudou, mudou muito e mudou para melhor depois dos governos tucanos e nos governos petistas. Como ninguém nega o destino contraposto que o povo reservou para o Lula e para o FHC, como consequência das mudanças entre um governo e outro.

Para complementar, a direita tradicional – midiática, partidária, empresarial – sempre esteve fortemente alinhada com o governo tucano e contra os governos petistas. Enquanto este sempre teve o apoio dos setores populares, de esquerda, de dentro e de fora do país – neste espectro, de Cuba a Uruguai, da Venezuela ao Equador, da Argentina à Bolívia. E, como corolário, a oposição dos EUA e das forças neoliberais no continente e no mundo. Estes buscando, inocuamente, projetar o México – o grande modelo neoliberal remanescente – como referencia alternativa à liderança brasileira no continente.

Afora o bizarro argumento de que todos estão equivocados e que o Brasil de hoje é igual ao dos anos 1990, de que os lideres esquerdistas não conhecem o país ou outro desse calibre, uma das características da polarização contemporânea se dá em torno do traje que veste o capitalismo na época histórica atual.

O anti-capitalismo, que sempre caracterizou a esquerda, ao longo o tempo, foi assumindo formas distintas, conforme o próprio capitalismo foi se transformando, de um modelo a outro. A esquerda foi antifascista nos anos 1920 e 1930, foi adepta do Estado de bem-estar social e do nacionalismo nas décadas do segundo pos-guerra, foi democrática nos países de ditadura militar. Assim como a direita foi mudando sua roupagem, na mesma medida: foi fascista, foi liberal, foi adepta da Doutrina de Segurança Nacional, conforme as configurações históricas que teve que enfrentar.

Na era neoliberal, os eixos centrais dos debates e das polarizações se alteraram significativamente. A direita impôs seu modelo liberal renascido, marcado pela centralidade do mercado, do livre comercio, da precarização das relações de trabalho, do capital financeiro como hegemônico, do consumidor. Ao mesmo tempo da desqualificação das funções reguladores do Estado, das politicas redistributivas, da politica, dos partidos, dos direitos da cidadania.

É nesse marco que a América Latina passou, de vítima privilegiada do neoliberalismo, à única região do mundo com governos e políticas posneoliberais, com governos que se propõem concretamente a superação do neoliberalismo. A prioridade das políticas sociais ao invés da ênfase central nos ajustes fiscais. O resgate do Estado como indutor do crescimento econômico e garantia dos direitos sociais no lugar do Estado mínimo e da centralidade do mercado. O privilégio dos projetos de integração regional e do intercâmbio Sul-Sul e não dos Tratados de Livre Comércio com os Estados Unidos. Essas contraposição define os campos da esquerda e da direita realmente existentes na era neoliberal.

Os brasileiros tem se pronunciado, reiteradamente, a favor das prioridades de distribuição de renda, do papel ativo do Estado, das políticas de integração regional e intercâmbio Sul-Sul. Constituiu-se uma nova maioria no país, progressista, que preferiu Lula ao Serra ao Alckmin, Dilma ao Serra, e se encaminha para preferir de novo Dilma ao candidato que se apresente pelas forças conservadoras.

Toda resposta de pesquisa depende da forma como foi formulada a pergunta. E os institutos de pesquisa tem sido useiros e vezeiros na arte de manipulação da opinião pública. Basta recordar que o diretor do mais conhecido deles, jurou que o Lula não elegeria seu sucessor, que o campo estava livre para o retorno tucano com o Serra, e demorou para se autocriticar, diante da realidade que o desmentia.

Na era neoliberal – modelo imposto sobre um brutal retrocesso na correlação de forças mundial e nacional – a linha divisória vem desse modelo, dividindo as forças fundamentais entre neoliberais e antineoliberais – conforme resistam a governos neoliberais – e posneoliberais, quando se empenham na sua superação.

Em vários períodos históricos houve uma esquerda moderada e uma esquerda radical. A social democracia passou a representar a primeira, os comunistas e forças da extrema esquerda, a segunda. No período histórico atual há, na América Latina, governos posneoliberais moderados – como os do Brasil, da Argentina, do Uruguai – e radicais – como os da Venezuela, da Bolívia, do Equador, sem mencionar o de Cuba. Os primeiros romperam com eixos fundamentais do neoliberalismo – com os enunciados: centralidade do mercado, Estado mínimo, privilégio do ajuste fiscal e dos TLCs com os EUA – avançam na sua superação – centralidade das políticas sociais, do papel do Estado, dos processos de integração regional. Os segundos, além de antineoliberais, se propõem a ser anticapitalistas, e deram passos nessa direção.

Ser de esquerda hoje é lutar contra a modalidade assumida pelo capitalismo no período histórico contemporâneo, é ser antineoliberal, em qualquer das suas modalidades. A moderação ou a radicalidade estão nas formas de articulação, ou não, entre o antineoliberalismo e o anticapitalismo. Seria demasiado pedir que pesquisas e editoriais imersos no universo neoliberal como seu habitat natural, sem a perspectiva histórica que permite entender o neoliberalismo e o capitalismo como fenômenos históricos precisos e a história como produto de correlações de forças cambiantes , pudessem captar o sentido de ser de esquerda e de direita hoje. São vítimas de clichês que eles mesmos criaram e que os aprisionam.

Enquanto isso, a América Latina, sua direita e suas esquerdas, se enfrentam nas condições concretas e especificas do mundo contemporâneo.

Governo é governo. Partido é partido: O PT precisa colocar em pauta o imposto sobre as grandes fortunas desse país !!

Altamiro Borges: O que nem Dilma nem Marina dizem

Por Paulo Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:

Dilma e Marina, os dois principais nomes para 2014, estão falando da questão da desigualdade social - o maior desafio do país e do mundo - sem tocar no ponto central dela.

O ponto: você não faz nada de realmente expressivo contra a iniquidade se não cobrar mais impostos dos mais ricos. Poucas semanas atrás, o Nobel da Economia Robert Schiller disse exatamente isso.

Schiller disse temer que o mundo fique ainda mais desigual, e exortou os governos a taxar mais os ricos. Não por gostar dos ricos, ele disse, mas para que as coisas não fiquem ainda mais malucas.

No Brasil, não se trata nem de fazer os ricos pagarem mais impostos. Estamos um passo atrás. Trata-se de fazê-los pagar impostos. O caso de sonegação comprovada da Globo na compra dos direitos da Copa de 2002 é exemplar. Passados meses desde que documentação denunciadora apareceu num vazamento de alguém da Receita, nada aconteceu.

Repito: nada. Absolutamente nada. Nem a Globo pagou – em dinheiro de hoje, a dívida é calculada em 1 bilhão de reais – e nem, ao que se saiba, o poder público se movimentou para cobrar e punir.

Na Europa e nos Estados Unidos, há um empenho dos governos em fechar o cerco a práticas das grandes corporações catalogadas como “legais mas imorais”, a maior das quais é criar subsidiárias em paraísos fiscais com o único objetivo de não pagar o imposto devido.

É o que no Brasil se chama, eufemisticamente, de “planejamento fiscal”.

Empresas como Google, Amazon, Microsoft e Starbucks estão sofrendo um forte cerco fiscal nos Estados Unidos e na Europa. Vários governos têm divulgado o quanto faturam e quanto pagam de imposto. São taxas fiscais irrisórias, na faixa de 5%, ou às vezes até menos.

Na Inglaterra, até escritórios especializados em oferecer “planejamento fiscal” a grandes empresas estão sendo investigados e, não raro, caçados.

Fora tudo, o uso de paraísos fiscais gera uma enorme desigualdade. Os ricos ficam mais ricos e os pobres mais pobres. Para manter as contas em ordem, os governos avançam sobre pensionistas, viúvas etc – a parte mais fraca. E a história contemporânea mostrou que os mais fracos cansaram de ser espremidos, e foram para as ruas protestar.

Na sociedade mais avançada do mundo, a escandinava, a fórmula do sucesso é exatamente cobrar mais impostos dos ricos.

No Brasil, é um tema proibido. A direita não fala nada, por razões óbvias: é beneficiária da desigualdade. E a esquerda tem medo do poder da plutocracia. Quem perde, com isso, é a sociedade.

Veja Dilma e Marina, por exemplo. Dilma afirmou que o leilão de Libra vai contribuir poderosamente para a construção de uma sociedade “mais justa e com melhor distribuição de renda”. A intenção é boa, mas sem cobrar mais imposto dos ricos nem 100 Libras vão resolver a tragédia da iniquidade nacional.

Marina, no Roda Viva, foi sabatinada sobre sua visão tributária por Maria Christina Pinheiro, do Valor.

A maior alíquota no Brasil é de 27,5%, disse Maria Christina. (Na Escandinávia, é cerca de 50%.) Marina pensa em mudar isso?

Loquaz o tempo todo, a ponto de ignorar as tentativas frustradas do mediador do programa de abreviar as respostas, Marina desconversou e logo mudou de assunto.

Enquanto os políticos brasileiros não enfrentarem a verdade – o Brasil é uma espécie de paraíso fiscal para quem pode mais, e isso tem que mudar urgentemente – falar em sociedade justa vai ser pouco mais que uma questão retórica.

Manifesto pela candidatura própria do PT ao governo do Pará

Excelente análise, vale a pena a reflexão.

 Alberto Puty

Esta é uma contribuição para o debate que está sendo travado, diante da aproximação do PED no dia 11/11/2013. Aqui tem o meu entendimento e a minha posição.

1. Em 2006 o PMDB estava completamente desidratado, depois de 12 anos de governo do PSDB. Somente ficou com 14 prefeituras, pois as outras foram cooptadas pelo PSDB e outros partidos da base aliada de Jatene. Ao final do governo do PT o PMDB tinha recuperado sua força elegendo, em 2008, 40 prefeituras, inclusive Ananindeua, onde não fosse o governo e o PT, o Helder não teria sido reeleito;

2. Empresarialmente o grupo Barbalho estava em situação muito delicada em 2006. O Diário do Pará tinha tiragem mínima e ao final de cada manhã era vendido por 50% do valor, ao preço de R$-0,50, e o que sobrava era distribuído gratuitamente, pois estava distante dos vultosos recursos da propaganda governamental do PSDB. Em 2010, de quase falido, passou a ser o jornal da Amazônia de maior tiragem, se reestruturando graças ao acesso à propaganda governamental durante o governo do PT;

3. O PMDB teve o apoio do PT para ficar 4 anos na Presidência da ALEPA, onde o Deputado Juvenil produziu um dos maiores escândalos de corrupção do estado;

4. O PMDB se posicionou em Órgãos com muitos recursos como a Secretaria de Saúde, DETRAN, COHAB e COSANPA, por onde passaram os recursos do PAC no Pará, além dos mais de 800 DAS, denunciados pela Deputada Bernadete;

5. Fortalecido e como cada vez queria mais poder e não se conformando por ter sido colocado um freio na SESPA, começou o PMDB, um ano antes, a atacar sistematicamente o Governo, sangrando-o, diariamente, através do Diário do Pará e impedindo votações importantes para a Gestão Estadual, sem, contudo, ser apeado dos órgãos governamentais. Dois Jornais (Diário e Liberal) atacando diariamente o governo do PT criaram artificialmente um clima desfavorável, inclusive com muito fogo amigo de serviçais do PMDB;

6. E o que fez o PT em 2010, diante dessa situação? Errou na política mantendo o PMDB no governo até o final desse ano;

7. Na eleição para o Senado, em 2010, o PT indicou apenas um concorrente (Paulo Rocha) e pediu aos militantes o segundo voto para o Barbalho. Erro crasso, pois os votos da segunda vaga migraram para o Barbalho, para Marinor e, até mesmo para Flexa, deixando Paulo Rocha em terceiro lugar. Se tivesse candidato para a segunda vaga esses votos teriam sido descarregados no segundo candidato do PT e não aumentariam o número de votos dos concorrentes. Além de que o PMDB lançou o segundo candidato, não dando ao PT igual reciprocidade;

8. Para o Governo, o PMDB lançou no primeiro turno o Juvenil para desgastar Ana Júlia e no segundo se aliou ao Jatene. Deve ser lembrado que, mesmo sendo da base aliada do Governo federal, não compareceu no palanque para Dilma no segundo turno, em Ananindeua;

9. O PMDB participou do Governo Jatene durante quase três longos anos, não obtendo deste o mesmo espaço que o governo do PT havia lhe dado. Como JATENE conhecia muito bem o jogo do Barbalho, cozinhou o PMDB em banho-maria, negando-lhe a Presidência da ALEPA e, ainda, disputando todas as prefeituras em 2012, reduzindo a participação do PMDB a menos da metade do que tinha;

10. Em 2012, foram realizadas as prévias para a escolha do candidato do PT à Prefeitura, contrariando a vontade dos dirigentes, que queriam apoiar o Priante do PMDB, no primeiro turno. Contudo, mesmo dando apoio para a vitória de Alfredo Costa nas prévias, abandonaram essa candidatura, que se transformou em um dos maiores fiascos eleitorais do PT em Belém, inclusive com militantes do partido trabalhando efetivamente para a eleição do candidato do PSOL ou migrando para apoiar candidaturas no interior do estado;

11. Novamente a discussão está posta e não adianta tergiversar: Lançar nas eleições de 2014, no primeiro turno, candidato próprio ou apoiar desde já o Barbalho, do PMDB para o governo. Essa discussão é importante e passa pelo PED, pois a chapa que vencer vai dar a direção. Na defesa da candidatura própria estão Cláudio Puty e Bira Rodrigues e, apoiando o Barbalho estão Marquinho Oliveira, Zé Geraldo e Zimmer, todos do CNB;

12. Com candidatura própria o PT poderá mostrar seu programa de governo para o desenvolvimento do Estado, discutir o legado deixado pelo governo do PT, da política desenvolvimentista empreendida, principalmente os projetos estruturantes do estado do Pará e tornar clara as disparidades, que são grandes, pois o governo Jatene tem sido amorfo, sem nada para apresentar de realizações significativas;

13. Se, por outro lado, o PT vier a apoiar a candidatura Barbalho no primeiro turno perderá a oportunidade de mostrar seu projeto de governo e nada terá a acrescentar nessa aliança, além do que, tendo o PMDB participado dos últimos anos do governo do PSDB no Pará, como fazer qualquer crítica? O PT irá mostrar o que? Que o Barbalho é renovação e que irá mudar o Pará? Que o PMDB estava no governo tucano, mas não concordava com a falta de políticas desenvolvimentistas? Que o grupo Barbalho mudou em suas práticas? Enfim, qual seria o papel do PT? Mero expectador do processo político, sem protagonismo, apenas cedendo seus minutos de TV na campanha de Helder? Sim, porque tudo indica que o PT do Pará será tirado da campanha e apenas Dilma e Lula serão mostrados;

14. Diante do sofisma de que a aliança no primeiro turno visa fortalecer a eleição de Dilma, formando um palanque unificado, tudo indica já ter sido firmada a negociação para apoio no primeiro turno a candidatura de Helder Barbalho para o Governo, consolidando uma insistência histórica dessa aliança com o PMDB, que vem se construindo desde 2008. Esse grupo dirigente do PT, que defende essa posição, mais parece estar a serviço do PMDB do que dos interesses do seu próprio partido;

15. Se o PT do Pará não enfrentar as situações com determinação, altivez e coragem, não fará jus a sua história se apequenando. Ao assumir o seu protagonismo político/eleitoral estará cumprindo o seu papel de lançar uma candidatura a esquerda, programática, trazendo o posicionamento do PMDB para o centro, como ocorre a nível nacional. Contudo, ao apoiar a candidatura Barbalho, no primeiro turno, evidenciará sua caminhada em direção ao espectro da direita, ficando comprometido com um governo menos propenso às mudança sociais requeridas pelo povo. Por fim, há que se sair da inércia, do burocratismo e da acomodação, emulando sua militância para as lutas vindouras, com posições racionais e avançadas, sem demagogia ou populismo. Nesse processo se respaldará e terá maiores condições de negociação programáticas no segundo turno. Candidatura própria já!

terça-feira, 22 de outubro de 2013

DILMA: "MAIS MÉDICOS NÃO É ATO DE CORAGEM, É DEVER"



Presidente responde ao elogio do ministro da Saúde, que disse que a criação do programa foi um "ato de coragem da presidente Dilma"; em seu discurso na cerimônia de sanção da lei que cria o Mais Médicos, ela pediu "imensas desculpas" ao médico cubano Juan Delgado, vaiado e hostilizado por médicos do Ceará, numa imagem que envergonhou o Brasil e que ela classificou de "imenso constrangimento"; ele foi aplaudido de pé hoje pela presidente, autoridades e por colegas de profissão; Dilma Rousseff garantiu que 23 milhões de brasileiros serão atendidos até o fim do ano; "Mais médicos são menos doenças", declarou

22 DE OUTUBRO DE 2013 ÀS 13:21

247 - Durante cerimônia que sancionou, nesta manhã, a lei que institui o Mais Médicos, a presidente Dilma Rousseff afirmou que este é um dos programais mais importantes de seu governo. A cerimônia, que ocorreu no Palácio do Planalto, teve a presença de autoridades e centenas de médicos que participam da iniciativa.

Dilma pediu "imensas desculpas" ao médico cubano Juan Delgado, que foi xingado e vaiado por médicos brasileiros no Ceará, numa cena que ela classificou de "imenso constrangimento". A presidente cumprimentou o profissional antes de todos no início de seu discurso e agradeceu, em seguida, aos médicos brasileiros e estrangeiros, "centro do Mais Médicos".

A presidente respondeu ao elogio do ministro da Saúde, Alexandre Padilha, afirmando que a criação do Mais Médicos "não é ato de coragem, é dever". Para Padilha, a iniciativa do governo federal foi um "ato de coragem da presidente Dilma".

Dilma anunciou ainda que, até o final do ano, 23 milhões de brasileiros estarão sendo atendidos através do Mais Médicos, e até abril de 2014, "teremos cerca de 13 mil médicos participando do programa". "Mais médicos são menos doenças. Essa é a equação matemática que precisa ser feita", afirmou a presidente.

Padilha: "Mais Médicos é o começo de uma profunda mudança"

De acordo com o ministro da Saúde, "o programa Mais Médicos é o começo de uma profunda mudança na saúde do nosso País". Padilha anunciou que 13 mil pessoas receberam medicamentos de médicos da iniciativa neste primeiro mês de atendimento por meio do program Farmácia Popular. Segundo ele, os profissionais já realizaram mais de 300 mil consultas neste último mês.

Na cerimônia, uma cena emocionante. Os médicos e as autoridades brasileira fizeram um desagravo a Juan Delgado, que foi alvo de uma imagem que envergonhou o Brasil no Ceará.

"Dr. Juan, os que te ofenderam não representam nem o espírito do povo brasileiro, nem dos médicos brasileiros", disse Padilha ao médico de 49 anos, que levantou de seu lugar e foi aplaudido por todas os presentes e pela presidente Dilma Rousseff.

Em seu discurso, Padilha disse ser "estranho" quem diz que o programa é eleitoreiro, uma vez que foi um "pedido que partiu de prefeitos de todos os partidos". "Estranho quem diz que o Mais Médicos é eleitoreiro. Não perceberam que a solicitação de médicos partiu de prefeitos de todos os partidos", disse.

O programa, disse Padilha, "vai ajudar a mudar uma certa mentalidade de que saúde só se faz dentro de hospital de alta complexidade. Vai mudar a mentalidade de que medicina só é acessível para uma parcela da população".

Dilma sanciona lei do Mais Médicos

Camila Neuman e Fernanda Calgaro
Do UOL, em São Paulo e em Brasília22/10/201312h24

22.out.2013 - Durante cerimônia para sancionar a lei que institui o programa Mais Médicos, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, se dirigiu ao médico cubano Juan Delgado, que foi hostilizado durante uma manifestação contra o programa federal no Ceará em agosto, e afirmou que a atitude não representa a população brasileira. "O corredor polonês da xenofobia que te recebeu em Fortaleza não representa o espírito nem do povo brasileiro, nem da maioria dos médicos que trabalham pelo SUS", afirmou. A presidente Dilma Rousseff também pediu desculpas em nome do povo brasileiro ao médico cubano Roberto Stuckert Filho/PR

A presidente da República, Dilma Rousseff, sancionou nesta terça-feira (22), em Brasília, a lei que institui o programa Mais Médicos. A iniciativa, criada por medida provisória e cujo projeto de lei foi aprovado na semana passada pelo Congresso Nacional, depois de uma queda de braço entre o governo e a oposição, leva médicos estrangeiros e brasileiros com diploma no exterior a atuar em regiões carentes do país. O médico do programa recebe uma bolsa de R$ 10 mil, que pode ser paga mensalmente, por no máximo, seis anos.



Saiba qual a proporção de médicos em cada Estado e o panorama em outros países
Veja o infográfico

Após sancionar o programa, a presidente se dirigiu ao médico cubano Juan Delgado, que foi chamado de escravo ao chegar em Fortaleza (CE), e pediu desculpas por ele ter sido hostilizado: "Queria cumprimentar o Juan por ter sofrido um imenso constrangimento. (...) Do ponto de vista pessoal e do governo, eu peço nossas desculpas a ele".

Dilma disse que via nos médicos estrangeiros os próprios brasileiros e agradeceu a ajuda deles para colaborar com uma política de saúde.

"Eles [os médicos] representam muito bem a grande nação latinoamericana, por isso, quando nós nos olhamos, é como se nós víssemos os brasileiros representados em cada um deles", afirmou. "Eles vieram de longe para ajudar o Brasil a ter uma politica de saúde que levasse esse serviço essencial a todos os brasileiros", disse.

"Agradeço a cada um. Este país vai ficar eternamente grato", frisou.

Antes, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, disse que o que ocorreu com o cubano foi um "corredor polonês da xenofobia".

Clima eleitoral

Durante o anúncio, Padilha chamou o programa de "ato de coragem" da presidente Dilma Rousseff e criticou quem acha a medida "transitória" e "emergencial". Disse ainda que a reação contra a vinda de médicos estrangeiros ao Brasil "não representa a maioria da população".

O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, por sua vez, também disse que a presidente foi "deteminante" para a criação do programa e chamou Padilha de "guerreiro que deixou um legado para o Brasil".

Também estavam presentes na cerimônia o vice-presidente Michel Temer, a ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, o presidente do Senado, Renan Calheiros e o presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves, além dos 600 médicos estrangeiros que fazem o curso preparatório pelo programa em Brasília.

O programa encarado como a maior bandeira política para a reeleição de Dilma foi implantado subitamente em agosto, dias depois de o país viver o ápice das manifestações contra o governo que tomaram as ruas entre junho e julho.

O viés eleitoral do programa também foi reforçado à medida que o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, passou a ser considerado o potencial candidato petista ao governo de São Paulo.
Ministério vai entregar registros

Padilha declarou durante a cerimônia que o Ministério da Saúde irá entregar, a partir desta semana, uma declaração provisória a todos os 196 médicos formados no exterior e que ainda não têm o registro para que possam começar a exercer suas atividades. O registro definitivo, que funcionará como uma carteira de identidade médica, expedida especificamente para o programa, será produzido pela Casa da Moeda e deverá ser entregue em 30 dias.

Essa carteira de identidade terá validade de três anos e autoriza o exercício da medicina somente na atenção básica e nos locais em que o médico tiver sido alocado pelo programa. O nome da cidade, inclusive, constará da carteira.

A relação dos primeiros médicos que vão receber a declaração será publicada no Diário Oficial da União nesta semana.

"[O registro] passa a ser uma prerrogativa do Ministério da Saúde. Mas isso não retira nenhuma competência e poder de fiscalização dos conselhos regionais de medicina que nós queremos que fiscalize. Para o Ministério da Saúde nada melhor do que um conselho que fiscaliza o trabalho de todos os médicos em relação à conduta ética, a prática da medicina, nada melhor do que isso para o Sistema Único de Saúde", disse Padilha.

Antes da sanção da presidente, era atribuição dos conselhos regionais de medicina emitirem os registros profissionais dos médicos intercambistas do programa. Mas o texto original da MP foi alterado e votado na Câmara e no Senado, a partir da negativa dos conselhos em emitir todos os registros necessários.

Desde o início do programa até sua sanção, duas levas de médicos de diferentes nacionalidades já chegaram ao país, na maioria cubanos – estes que vieram ao país por meio de um acordo firmado entre o ministério e a Opas (Organização Pan-americana de Saúde).

Segundo o Ministério da Saúde, dos 1.232 médicos que estão em atividade nos municípios, 748 são brasileiros e 484 são profissionais com diplomas do exterior com registro do Conselho Regional de Medicina. Outros 196 ainda não têm o documento. A maioria desses profissionais, que foram selecionados na primeira etapa do programa, atua nas regiões Norte e Nordeste.

O Ministério da Saúde estima que os 2.597 médicos selecionados na segunda etapa do Programa comecem a atuar ainda em outubro, fazendo com que o total de brasileiros beneficiados pelo programa chegue a 13,3 milhões de pessoas.

A meta do governo é trazer ao país pelo menos 12 mil médicos até abril de 2014.

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

É 'bem diferente' de privatização, afirma Dilma sobre leilão do pré-sal

Presidente falou sobre leilão do Campo de Libra em pronunciamento na TV. 
Segundo ela, 'empresas privadas parceiras também serão beneficiadas'.

Juliana BragaDo G1, em Brasília

A presidente Dilma Rousseff negou na noite desta segunda-feira (21) que o leilão do Campo de Libra, o primeiro da camada pré-sal sob o regime de partilha, represente uma privatização. Em pronunciamento de oito minutos e três segundos em rede nacional de rádio e televisão, ela afirmou que 85% de toda a renda gerada pelo campo ficará com a União ou com a Petrobras e que as empresas parceiras terão seus lucros, compatíveis com os riscos que correrão.

O vencedor do leilão foi o consórcio formado pelas empresas Petrobras, Shell, Total, CNPC e CNOOC. Único a apresentar proposta, o consórcio ofereceu repassar à União 41,65% do excedente em óleo extraído do campo, percentual mínimo fixado pelo governo no edital. Nesse leilão, vencia quem oferecesse ao governo a maior fatia de óleo – o regime se chama partilha porque as empresas repartem a produção com a União.


“Pelos resultados do leilão, 85% de toda a renda a ser produzida no Campo de Libra vão pertencer ao Estado brasileiro e à Petrobras. Isso é bem diferente de privatização”, disse a presidente.

Nesta segunda, após o leilão, políticos de oposição, como o senador Aécio Neves, possível candidato a presidente da República, afirmaram que o governo reconheceu a "importância do investimento privado".

Segundo Dilma, “as empresas privadas parceiras também serão beneficiadas, pois, ao produzir essa riqueza, vão obter lucros significativos, compatíveis com o risco assumido e com os investimentos que estarão realizando no país. Não podia ser diferente”.

Ao justificar os lucros que as empresas vão ter, a presidente citou os empregos e renda a serem gerados. “O Brasil é – e continuará sendo – um país aberto ao investimento, nacional ou estrangeiro, que respeita contratos e que preserva sua soberania. Por tudo isso, o leilão de Libra representa um marco na história do Brasil”, justificou. "Estamos transformando o pré-sal num passarporte futuro para uma sociedade mais justa e com melhor distribuição de renda", disse.
Pelos resultados do leilão, 85% de toda a renda a ser produzida no Campo de Libra vão pertencer ao Estado brasileiro e à Petrobras. Isso é bem diferente de privatização."
Presidente Dilma Rousseff, em pronunciamento em rede de rádio e TV

Dilma elogiou o regime de partilha, elaborado com o Congresso Nacional. “Com ele estamos garantindo um equilíbrio justo entre os interesses do Estado brasileiro e os lucros da Petrobras e das empresas parceiras. Trata-se de uma parceria onde todos sairão ganhando”, disse.

Dilma destacou os avanços sociais que os recursos da área do pré-sal poderão, segundo ela, trazer para o Brasil. De acordo com a presidente, só o Campo de Libra será responsável sozinho por 67% de toda a produção de óleo do país, ou seja, 1,4 milhão de barris. Em 35 anos, diz Dilma no pronunciamento, o Estado brasileiro receberá mais de R$ 1 trilhão: R$ 270 bilhões em royalties, R$ 736 bilhões pelo excedente de óleo sob o regime de partilha e R$ 15 bilhões como bônus de assinatura.

Desse total, ressaltou a presidente, todos os recursos referentes aos royalties e à metade da participação especial (R$ 736 bilhões) serão investidos em educação e saúde.

“A batida do martelo do leilão de Libra, hoje, foi também a batida na porta de um grande futuro que se abre para nós, para nossos filhos e para nossos netos”, sustenta Dilma.

A presidente também se referiu à geração de "milhões" de empregos na construção de superplataformas para a extração do petróleo do pré-sal.
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Dilma destacou os investimentos a serem destinados para a educação com os recursos de Libra. “No dia de hoje o Brasil deu um grande passo: começou a se tornar realidade a exploração em larga escala do nosso pré-sal. E passamos a garantir, para o futuro, uma massa de recursos jamais imaginada para a educação e para a saúde em nosso país”, afirmou, no início do discurso.

“A fabulosa riqueza que jazia nas profundezas dos nossos mares, agora descoberta, começa a despertar. Desperta trazendo mais recursos, mais emprego, tecnologia, mais soberania e, sobretudo, mais futuro para o Brasil e para todos os brasileiros e brasileiras”.

No final, Dilma disse ainda que Libra “representa um marco na história do Brasil”, cujo sucesso “vai se repetir, com certeza, nas futuras licitações do pré-sal”.

“Começamos a transformar uma riqueza finita, que é o petróleo, em um tesouro indestrutível que é a educação de alta qualidade. Estamos transformando o pré-sal no nosso passaporte para uma sociedade futura mais justa e com melhor distribuição de renda”, falou.

Íntegra
Leia abaixo a íntegra do pronunciamento da presidente.

Queridas brasileiras e queridos brasileiros,

No dia de hoje o Brasil deu um grande passo: começou a se tornar realidade a exploração em larga escala do nosso pré-sal. E passamos a garantir, para o futuro, uma massa de recursos jamais imaginada para a educação e para a saúde em nosso país.

A fabulosa riqueza que jazia nas profundezas dos nossos mares, agora descoberta, começa a despertar. Desperta trazendo mais recursos, mais emprego, mais tecnologia, mais soberania e, sobretudo, mais futuro para o Brasil e para todos os brasileiros e brasileiras.

O sucesso do leilão do Campo de Libra – que é o primeiro mega campo do pré-sal a ser licitado em regime de partilha – vai permitir uma parceria da Petrobras com as empresas Shell, Total, e as chinesas CNOOC e CNPC. São empresas grandes e fortes que vão poder explorar, nos próximos 35 anos, um montante de óleo recuperável estimado entre 8 a 12 bilhões de barris de petróleo e 120 bilhões de metros cúbicos de gás natural.

Só para vocês terem uma ideia do que isso significa, basta lembrar que a produção total do Brasil, em 2013, deverá ficar próxima de 2 milhões e 100 mil barris de petróleo diários, enquanto o Campo de Libra vai alcançar, no seu pico de produção, 1 milhão e 400 mil barris de óleo por dia. Ou seja, daqui a uma década, Libra pode representar, sozinha, 67% de toda produção atual de petróleo do Brasil.

Porém, ainda há números mais impressionantes e importantes para os brasileiros. Por favor, prestem bem atenção ao que vou explicar agora. Nos próximos 35 anos Libra pagará os seguintes valores ao Estado brasileiro: primeiro, R$ 270 bilhões em royalties; segundo, R$ 736 bilhões a título de excedente em óleo sob o regime de partilha; terceiro, R$ 15 bilhões, pagos como bônus de assinatura do contrato. Isso alcança um fabuloso montante de mais de R$ 1 trilhão. Repito: mais de R$ 1 trilhão.

Por força da lei que aprovamos no Congresso Nacional, grande parte destes recursos será aplicada em educação e saúde. Isso por que todo o dinheiro dos royalties e metade do excedente em óleo que integra o Fundo Social, no valor de R$ 736 bilhões, serão investidos, exclusivamente, 75% em educação e 25% em saúde.

Mas não param por aí os benefícios sociais diretos de Libra. Porque o restante dos rendimentos do Fundo Social, no valor de R$ 368 bilhões, será aplicado, obrigatoriamente, no combate à pobreza e em projetos de desenvolvimento da cultura, do esporte, da ciência e tecnologia, do meio ambiente, e da mitigação e adaptação às mudanças climáticas.

Minhas amigas e meus amigos,

Bastaria a aplicação correta destes recursos para Libra produzir, nos próximos anos, uma pequena revolução, benéfica e transformadora, em nosso país. Mas há ainda muitos outros benefícios que este mega campo irá trazer. A política que traçamos exige que as plataformas para a produção de petróleo do pré-sal tenham elevado conteúdo de fabricação nacional.

Somente para a exploração de Libra serão necessárias entre 12 a 18 super-plataformas. Além delas, todos os outros equipamentos de produção, como os gasodutos, as linhas de produção, os barcos de apoio, os equipamentos submarinos serão também fabricados no Brasil. Isso vai gerar milhões de empregos e contribuir para o desenvolvimento industrial e tecnológico do nosso parque naval e de nossa indústria de fornecedores de equipamentos e de prestadores de serviços, sem esquecer que o volume de óleo produzido vai elevar em muito nossas exportações e, assim, aumentar o saldo de nossa balança comercial.

Queridos brasileiros e queridas brasileiras,

As etapas de viabilização do pré-sal têm acumulado, até agora, grandes vitórias. As etapas futuras vão trazer, sem dúvida, novos desafios. Mas eu tenho certeza que o Brasil responderá à altura.

Além da vitória tecnológica que foi a descoberta, pela Petrobras, destas gigantescas jazidas, o modelo de partilha que nós construímos significa também uma grande conquista para o Brasil. Com ele, estamos garantindo um equilíbrio justo entre os interesses do Estado brasileiro e os lucros da Petrobras e das empresas parceiras. Trata-se de uma parceria onde todos sairão ganhando.

Pelos resultados do leilão, 85% de toda a renda a ser produzida no Campo de Libra vão pertencer ao Estado brasileiro e à Petrobras. Isso é bem diferente de privatização. As empresas privadas parceiras também serão beneficiadas, pois, ao produzir essa riqueza, vão obter lucros significativos, compatíveis com o risco assumido e com os investimentos que estarão realizando no país. Não podia ser diferente. As empresas petroleiras são parceiras que buscam investir no país, gerar empregos e renda e, naturalmente, obter lucros com esses investimentos. O Brasil é – e continuará sendo – um país aberto ao investimento, nacional ou estrangeiro, que respeita contratos e que preserva sua soberania.

Por tudo isso, o leilão de Libra representa um marco na história do Brasil. Seu sucesso vai se repetir, com certeza, nas futuras licitações do pré-sal. Começamos a transformar uma riqueza finita, que é o petróleo, em um tesouro indestrutível, que é a educação de alta qualidade. Estamos transformando o pré-sal no nosso passaporte para uma sociedade futura mais justa e com melhor distribuição de renda.

A batida do martelo do leilão de Libra, hoje, foi também a batida na porta de um grande futuro que se abre para nós, para nossos filhos e para nossos netos.

Que Deus continue abençoando o Brasil! Obrigada e boa noite.

DILMA SOBRE LIBRA: "MAIS DE UM R$ 1 TRI PARA EDUCAÇÃO"



Em cadeia nacional de rádio e televisão, a presidente Dilma Rousseff festejou o resultado leilão de Libra, o maior bloco do pré-sal; ela fez questão de enfatizar os ganhos econômicos com a exploração do maior campo de petróleo; segundo a presidente, em 35 anos, serão R$ 270 bilhões em royalties, R$ 736 bilhões em excedentes de petróleo e R$ 15 bilhões no bônus de assinatura pago na vitória do leilão; "é mais de R$ 1 trilhão, que serão gastos em projetos sociais", afirmou, que também fez questão de deixar claro que o leilão não foi uma "privatização"

21 DE OUTUBRO DE 2013 ÀS 21:37

247 - Em cadeia nacional de rádio e televisão, a presidente Dilma Rousseff festejou o resultado do leilão de Libra, o maior bloco do pré-sal, que foi adquirido por um consórcio formado por Petrobras, Shell, Total e duas empresas chinesas.

Ela fez questão de enfatizar os ganhos econômicos e sociais com a exploração de Libra. Segundo ela, em 35 anos, serão R$ 270 bilhões em royalties, R$ 736 bilhões em excedentes de petróleo e R$ 15 bilhões no bônus de assinatura pago pelo consórcio na vitória do leilão. "É mais de R$ 1 trilhão, que serão gastos em educação e saúde", disse ela.

"Bastaria a aplicação correta desses recursos para Libra produzir uma pequena revolução no País", enfatizou a presidente. Ela afirmou ainda que outro benefício será a produção, no Brasil, dos equipamentos para a extração do pré-sal. "São mais de 18 novas plataformas", enfatizou.

Dilma fez referência aos lucros da exploração denominando-o de "fabulosa riqueza" e "massa de recursos jamais imaginada para Educação e Saúde". Segundo a presidente, R$ 368 bilhões serão aplicados ainda em combate à pobreza, meio ambiente, mitigação das mudanças climáticas e projetos de desenvolvimento em cultura, esporte, ciência e tecnologia.

No fim, ela mandou um recado para a oposição, enfatizando que o leilão não foi uma privatização, uma vez que a Petrobras estará no controle do consórcio, com 40% de participação, e terá o apoio de empresas parcerias no esforço para produção do pré-sal. Libra, segundo ela, responderá por 67% do consumo brasileiro.

"85% dos lucros vão pertencer ao Estado Brasileiro e a Petrobras. O restante irá para as empresas parceiras. Isto é bem diferente de privatização", afirmou.

Abaixo, reportagem anterior sobre como a presidente acompanhou o leilão de Libra:

DILMA ANUNCIA NO TWITTER DISCURSO SOBRE LIBRA HOJE

Presidente adianta pronunciamento sobre resultado do primeiro leilão de exploração do pré-sal, o do Campo de Libra, que, apesar de diversas manifestações no País e ações na Justiça, ocorreu pacificamente no Rio; mensagem será transmitida em cadeia nacional de rádio e tevê na noite desta segunda-feira 21; na abertura do leilão, ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, disse que licitação será um "divisor de águas entre o passado e o futuro"

21 DE OUTUBRO DE 2013 ÀS 17:55


247 – A presidente Dilma Rousseff anunciou há pouco, pelo Twitter, que fará um pronunciamento sobre o resultado do leilão de Libra nesta segunda-feira à noite. "Terminei agora de gravar pronunciamento sobre o resultado do leilão de Libra. Vai ao ar hoje à noite em rede nacional de rádio e TV", publicou a presidente em sua conta no Twitter, às 16h44. De acordo com sua agenda, a presidente assistiu ao leilão, nesta tarde, do Palácio da Alvorada, onde mora.

Dilma deu atenção especial a todos os processos do leilão, a fim de garantir que nada desse errado. Ela afirmou a um aliado que hoje ocorreria um dos atos mais importantes de seu governo. O leilão do Campo de Libra deve "marcar o país por gerações", declarou a presidente, que mandou pessoalmente o Exército reforçar a segurança no hotel que sediou o evento, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio.

Em seu discurso no início do leilão, a diretora-geral da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Magda Chambriard, afirmou que hoje era um "dia histórico para o Brasil". "Vocês viram que nossa presidente determinou a utilização de 75% dos royalties na educação e 25% na saúde", disse. "Nós estimamos que apenas Libra seja capaz de R$ 300 bilhões. Nós esperamos muito do bloco de Libra e dessa licitação", acrescentou a executiva.

Também na abertura do leilão, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, disse que o atual modelo para leilão do pré-sal sob o regime de partilha serve "aos melhores e mais legítimos interesses do povo brasileiro". Segundo ele, "Libra será um divisor de águas entre o passado e o futuro".

Libra: vitória política completa. Econômica, um pouco menos que o possível

Politicamente, a vitória obtida pelo Brasil no leilão não poderia ter sido maior.

A presença minoritária da Shell no consórcio da Petrobras jogou por terra todo o blá-blá-blá de que as regras eram inviáveis, que as empresas comerciais temiam a ingerência do governo, que a partilha era um modelo fadado ao fracasso.

A outra empresa privada, a Total, é muito ligada ao governo francês, que tem participação acionária e já se esperava que pudesse entrar no consórcio por razões estratégicas de abastecimento. Mas não a Shell.

Deixou de queixo caído todos os “mercadistas” que não entenderam que as americanas e inglesas caíram fora por conta da espionagem e a “dupla cidadania” da Shell – também holandesa – a deixou menos exposta ao escândalo.

Nem a Miriam Leitão tem o que falar sobre isso, agora.

Do ponto de vista do resultado econômico do leilão, todos viram que o representante do consóricio esperou até os últimos segundos para entregar aquele envelope.

Claro, porque havia outro, com um lance maior, para o caso de haver outros na disputa.

Se não há, vai a proposta mínima, até porque a Petrobras não tem como forçar seu aumento se não há licitantes a vencer.

Poderíamos ter alcançado os 80% de participação estatal, mas acabamos ficando, como mostrou o post anterior, em 75,73%.

Duas razões nos impediram:

A primeira, o alto bônus de assinatura, que criou dificuldades de desembolso imediato para a Petrobras. E isso, com todo apoio que este blog deu ao leilão, jamais deixou de ser objeto de crítica, sobretudo porque derivou das necessidades imediatas de caixa do Governo para alcançar a meta de superávit primário, aquele do maldito tripé que a direita e, agora, Marina Silva, endeusam.

A segunda, a pressão política.

Não a das poucas dezenas de manifestantes ali fora do leilão que, tirando meia-dúzia de provocadores black blocs – são gente nacionalista.

A pressão vem de outros black blocs, os mascarados do mercado, que vêm vandalizando as ações da Petrobras faz tempo, sob a música de desastre que a mídia incessantemente toca para a empresa com mais reservas novas a explorar neste momento no mundo.

Nada isso, entretanto, diminui meu otimismo com a exploração de Libra. Até porque, fora da parcela de lucro embolsada pela União, pela Petrobras e pelas outras empresas do consórcio, existe uma parcela imensa, de algo perto de US$ 300 bilhões, que vai ser apropriada pelo país na forma de salários, compras de insumos e de encomendas com o máximo possível de conteúdo nacional, como é tradição da Petrobras, e que, por isso, vai irrigar nossa economia com impostos e salários.

Nem falo, também, no horizonte de cooperação que ela abre com a China, que lentamente vai assumindo o seu papel de parceiro estratégico do nosso país.

O Brasil está de parabéns. Provamos que é possível juntar a defesa dos interesses nacionais, o controle de nossas matérias primas estratégicas, a eficiência tecnológica e operacional com a necessária captação de recursos para o desenvolvimento de nossa indústria petroleira.

O petróleo teve três fases neste país.

A primeira, a de acreditar que ele existia e encontrá-lo.

A segunda, a de sermos capazes tecnologicamente de extraí-lo, nas difíceis condições onde ele surgiu.

A terceira, agora, a de sermos capazes de mobilizar, sem perder a soberania sobre ele, os recursos necessários a realizar essa imensa riqueza potencial.

Demos um passo gigantesco e seria tolice deixar de reconhecê-lo por acharmos que se poderia ir alguns centímetros além.

E, depois dos retrocessos que a década neoliberal nos obrigou, estamos mais longe do que qualquer um de nós poderia pensar naqueles anos amargos.

Esta caminhada jamais foi fácil, jamais foi simples.

Mas não há de parar nunca.

Por: Fernando Brito
Marina Silva faria governo menos estatizante que Dilma, diz Eduardo Giannetti
ELEONORA DE LUCENA
DE SÃO PAULO

Um governo similar à segunda gestão de FHC e à primeira de Lula. Menos estatizante do que Dilma. Assim seria uma eventual administração Marina Silva na visão de um dos seus principais conselheiros, o economista Eduardo Giannetti da Fonseca, 56.


Defensor da austeridade, ele faz eco às palavras da ex-senadora que tem defendido o chamado "tripé" (superávit primário, câmbio flutuante e metas de inflação). Na sua opinião, essas ideias estão longe de significar que Marina virou uma candidata do mercado financeiro.


Em entrevista concedida em São Paulo na última quinta-feira (17), Giannetti critica o governo e advoga que o crescimento não deve ser feito a qualquer preço: "Crescer 7% destruindo patrimônio ambiental é muito pior do que se crescer 3% preservando".


Ex-professor da USP, de Cambridge e do Insper, Giannetti conversa duas ou três vezes por semana com Marina. Para ele, há dificuldade na fusão com o PSB e obstáculos para atrair empresários para o grupo. "A elite empresarial está no bolso do governo", diz.



Fabio Braga-17.out.13/Folhapress

O economista Eduardo Giannetti da Fonseca em sua casa, em São Paulo



*

Folha - Depois de cinco anos de crise internacional, como está a economia no mundo?

Eduardo Giannetti da Fonseca - Estamos no capítulo final. A economia mundial está num período de transição. A Europa saiu da UTI, deve continuar com um crescimento baixo. Nos EUA, há sinais de uma recuperação vigorosa. As famílias reduziram seu endividamento, o mercado imobiliário está em recuperação, as empresas estão voltando a investir. Eles estão no limiar de uma grande revolução energética, que é o gás de xisto. Isso está levando a um movimento de reindustrialização americana. Setores tradicionais estão voltando [para o país] por causa do baixo custo da energia. Se nada muito inesperado acontecer, há razões para acreditar que a economia dos EUA volta a crescer 3% no ano que vem. Isso significa que a política monetária norte-americana vai se normalizar. A pergunta não é se, mas quando. É provável que fique para o ano que vem. A China está buscando uma transição de um modelo de crescimento calcado em investimento e crédito para um menos dependente de financiamento estatal e mais voltado para o mercado doméstico. Lá, o grau de endividamento foi longe de mais, e eles estavam investindo além da conta. Boa parte desse investimento foi para o setor imobiliário, de infraestrutura, em indústria básica. Estão com problema de sobrecapacidade. A indústria siderúrgica da China é metade da produção do mundo. É um risco para o mundo. Se não tiver uma demanda interna que justifique esse investimento, eles vão ter que vender fora e quebram a siderurgia mundial, porque vão vender a um preço muito baixo. O preço das commodities, que vinha trabalhando muito a nosso favor e sustentou uma parte importante do crescimento de 2003 a 2010, já não está trabalhando a nosso favor. É possível que haja uma piora nos termos de troca, especialmente no caso das commodities minerais, que dependem do investimento e da construção civil da China, que está caindo e vai cair mais. Havendo esse movimento para o mercado interno, as commodities agrícolas podem se beneficiar. O Brasil voltou para o pelotão dos vulneráveis, ao lado da África do Sul, da Índia e da Indonésia.


Como a economia vai estar no ano eleitoral?

Não tem perspectiva de crescimento mais forte. Entramos numa fase de baixo crescimento crônico, com uma inflação teimosamente na vizinhança do teto da meta e num caminho de vulnerabilidade externa. A conjuntura internacional mudou. Há um componente estrutural que é a deterioração fiscal desde 1988. E tem um componente conjuntural que é piora da qualidade da política econômica a partir do segundo governo Lula e, de forma acentuada, durante Dilma. O Brasil tinha uma carga tributária bruta de 24% do PIB em 1988 e o Estado investia 3% do PIB. Hoje temos uma carga de 36% do PIB e investimento de 2,4% do PIB.


Mas o maior aumento da carga tributária foi com FHC.

FHC abriu a frente das contribuições, que hoje representam mais para o governo federal. O que era para ser exceção virou regra e gerou um estrago fiscal que está asfixiando o Brasil.


Mas a taxa de juros elevada não é responsável por isso?

Isso foi o caso no primeiro mandato do FHC, quando havia câmbio fixo e valorizado e a política monetária tinha que ser aquela para manter o câmbio fixo. O governo FHC errou muito ao manter a âncora cambial. A partir do momento que flutuou o câmbio, o juro começou a baixar.


Mas ainda é muito alto.

É alto, mas não é o que explica esse estrago fiscal. O Brasil vinha de um bom momento, que foi o segundo mandato de FHC e o primeiro de Lula, quando prevaleceu o tripé: austeridade fiscal, superávit primário para valer, câmbio flutuando, autonomia do BC para cumprir o centro da meta de inflação. Isso começou a se fragilizar com a expansão fiscal do segundo mandato de Lula, até certo ponto justificável pela crise de 2009. Só que a partir de 2009, e do governo Dilma, as três pernas do tripé fraquejaram.


A presidente diz que o tripé continua de pé. Para os desenvolvimentistas, a análise é inversa: o melhor para o Brasil ocorreu a partir do segundo mandato de Lula e o modelo que o sr. defende amarra o crescimento.

Os números não mostram isso. O desempenho do governo Dilma está sendo pior do que o do primeiro FHC, que também foi errado, porque manteve o câmbio.


O empresariado pode desembarcar do apoio à presidente Dilma e apoiar Marina?

Esses movimentos não são nunca em bloco. O que me entristece é ver boa parte do empresariado brasileiro tutelado pelo governo e neutralizado na sua capacidade de crítica pelo fato de depender de obséquios, favores, subsídios e proteção que o governo oferece. O empresariado brasileiro em boa parte se comporta como súdito e não como cidadão. O governo abriu esse balcão de negócios. Começou a negociar caso a caso tarifa de proteção para setor, a abrir os cofres dos bancos estatais para os empresários. Como é que um empresário que está dependendo de um crédito de um banco estatal vai poder aparecer publicamente criticando o governo? Ele fica tolhido. A elite empresarial está no bolso do governo.


Mas muitos afirmam que há um mal-estar entre governo e empresariado. Isso não existe?

Há uma frustração enorme com o potencial desperdiçado do Brasil. O país está vivendo um retrocesso. Mas o empresariado não vocaliza. Há poucas exceções.


Isso pode mudar num ano eleitoral?

Acho muito difícil mudar publicamente. O mapa eleitoral da Dilma está muito associado a 40 milhões de contracheques [pagamentos ao funcionalismo em todos os níveis, aposentadorias, pensões e benefícios sociais]. Na elite, o governo tem um controle da situação pelo cofre e pela manipulação de desonerações tributárias, tarifas de importação, leis, subsídios, créditos.


Fazendo um discurso de austeridade, Marina atrai o mercado financeiro. Ela virou a candidata das finanças?

Longe disso. O primeiro governo Lula foi um governo do mercado financeiro? Foi um governo bom para o Brasil. E sendo bom para o Brasil foi bom para parte do mercado financeiro. Mas não foi feito para o mercado financeiro. Foi feito para o Brasil consolidar uma conquista que é da sociedade.


Então, um eventual governo Marina seria mais parecido com o segundo mandato FHC e o primeiro de Lula?

Sim. No tocante à política macroeconômica, não vamos reinventar a roda. Vamos continuar o que estava funcionando muito bem no Brasil, que é o tripé.


A desindustrialização preocupa?

Lógico. O Brasil não pode assistir passivo ao desaparecimento de sua base industrial.


Isso tem a ver com o câmbio?

Não só e não pode ser com artificialismo. Precisamos aumentar a competitividade e a produtividade. O governo apostou em microgerenciamento e entrou numa espiral intervencionista. Não funciona. No petróleo, outra confusão. Tornam a Petrobras responsável por pelo menos 30% dos investimentos no Pré-Sal e, ao mesmo tempo, puxam o tapete da Petrobras segurando os preços dos combustíveis. O governo vinha de dois bons momentos de política macroeconômica, durante FHC e o primeiro governo Lula.


O sr. elogia esses períodos, mas eles foram de baixo crescimento, ruins, certo?

Foi quando se plantaram as bases de um crescimento melhor no Brasil. FHC privatizou, quebrou monopólios, acabou com a discriminação do capital estrangeiro, fez a lei de responsabilidade fiscal. No primeiro governo Lula, a agenda microeconômica foi formidável, porque melhorou o ambiente de negócios: nova lei de falências, alienação fiduciária, crédito consignado. Estava indo bem.


Deveria haver mais privatização?

A Petrobras é uma empresa de economia mista. Deveria atuar dentro de critérios mais de mercado. Não acho que seja o caso de privatizar integralmente a Petrobras. Onde a estatização foi longe demais é no crédito.


Os bancos estatais deveriam ser privatizados?

Eles não deveriam ser empurrados a oferecer crédito e receber financiamento do Tesouro com endividamento publico. O Banco do Brasil precisaria atuar dentro de parâmetros muito mais austeros.


O que deveria mudar nas políticas sociais?

Não tenho nenhum problema com transferências de renda. Qualquer sociedade organizada deve ter uma rede de proteção social. O que não me parece bom é criar uma expectativa de que isso é um modo de vida permanente. Ninguém fala de capacitar realmente cidadãos.


O que o sr. acha da política de reajuste do salário mínimo?

Corrigir o salário mínimo pelo crescimento de dois anos atrás e o IPCA do ano anterior não tem o menor sentido. Também é complicado reajustar o benefício previdenciário pelo salário mínimo. Atrelar perpetuamente ao salário mínimo não faz sentido.


Como deveria ser?

Não temos ainda uma fórmula pronta.


O sr. concorda que Eduardo Campos tem um discurso mais desenvolvimentista, enquanto Marina se posiciona para o lado neoliberal?

Temos que nos posicionar em torno do valor central que é a sustentabilidade. Mais Estado ou mais mercado? Em algumas coisas, mais Estado; em outras, mais mercado.


O grupo de Marina está à direita ou à esquerda de FHC?

Não sei dizer. Essa tentativa de categorizar numa relação binária toda uma proposta complexa me parece muito precária.


Em relação a Lula e Dilma, como o sr. situa Marina?

Menos estatizante que Dilma.


Um governo Marina reduziria o tamanho do Estado?

Não dá para colocar tudo num pacote. Para algumas coisas precisa de mais Estado e, para outras, menos Estado. O Estado deveria estar mais atuante na saúde pública, no ensino fundamental, no saneamento básico. Não entendo um governo que coloca tanta ênfase num trem bala e deixa esquecida a questão do saneamento básico.


Mas a questão estatizante o sr. coloca à esquerda?

Esse governo tem uma mentalidade nacional-desenvolvimentista semelhante a que prevaleceu no Brasil durante o governo Geisel.


Um eventual governo Marina não seria isso?

Não, seria desenvolvimento sustentável, com ênfase em capital humano e respeito ao patrimônio ambiental.


Como se equaciona para o empresariado esse desenvolver com sustentabilidade?

Para começo de conversa terminando com subsídios que são muito onerosos ambientalmente. Por exemplo, para o automóvel.


Então montadoras teriam uma vida dura num governo Marina?

Não é uma coisa a ser estimulada.


Belo Monte não seria construída num governo Marina?

Não teria sido aprovada. Belo Monte não se viabiliza nem termos estritamente econômicos.


Desenvolvimento sustentável significa um ritmo menor de crescimento?

Não, mas não é crescimento a qualquer preço. O que interessa é o crescimento da renda com qualidade de vida.


Muitos dizem que esse raciocínio implica dizer: não dá para crescer no ritmo que os outros cresceram; o melhor é se contentar com pouco.

Se tudo der certo no Brasil, a gente vira um EUA? Acho que não faz o menor sentido.


Mas o Brasil não precisa se preocupar em gerar empregos e riqueza? Essa sinalização de que não se poderá crescer muito é boa?

Não colocaria que não pode crescer muito. Precisamos encontrar um caminho de crescimento adequado às nossas necessidades e sustentável ambientalmente.


Isso significa ritmo menor?

Ritmo é menos importante do que a qualidade. Crescer 7% destruindo patrimônio ambiental é muito pior do que se crescer 3% preservando patrimônio ambiental e, na medida do possível, melhorando as condições de vida. O crescimento em si não é o objetivo. Nenhum governo pode prometer crescimento. Crescimento é uma escolha que a sociedade faz. O governo não tem uma alavanca. Pode oferecer um ambiente mais amigável ou não.


O sr. acha que a Marina ofereceria um ambiente mais amigável com essas restrições ambientais?

Temos que separar duas coisas. Uma é o grau de exigência ambiental para um país como o nosso. Outra é como vai ser o processo de seleção de investimentos. Vamos ter um nível de exigência alto, mas os processos podem ser mais ágeis e confiáveis.


Esse conjunto de ideias é mais próximo de um programa de Aécio do que um de Dilma?

Há pessoas afinadas com essas ideias em diferentes partidos. Não vi o programa do Aécio. Certamente temos muitas criticas a esse governo. Queremos trabalhar com lideres e técnicos vindos das mais diferentes agremiações. A diferença é que vai ser um governo de programa, e não de coalizão oportunista.


O sr. fala do programa da Marina presidente?

É. Pelo que entendi, Eduardo Campos está de acordo com essa forma de fazer política, embora ele não viesse praticando isso até a aliança com Marina. Ele está indicando que vai mudar.


Em que sentido?

A partir de agora não fazer alianças com base em tempo de TV, fundo partidário, ganhos imediatos de campanha, mas fazer aliança com base em acordo programático.


Mas o seu grupo fez exatamente isso: se aliou ao PSB para usar fundo partidário, horário de TV, por interesse.

De jeito nenhum. Se fosse o caso, Marina poderia ter ido para o PPS ou para outro partido.


Foi uma opção por um partido mais forte.

Mas, se não houver uma convergência de programa, isso não tem o menor sentido. Há um elemento de confiança que vai se construir na criação de um programa em torno do qual possamos trabalhar.


Marina vai ser cabeça de chapa?

Não sei. Isso ainda não está definido e vai depender do desenrolar do quadro sucessório no primeiro semestre do ano que vem.


Como vai ser essa discussão de programa entre o grupo de Marina e o PSB?

É a construção de um programa unificado. Não sei qual é a proposta e o programa do PSB na área econômica.


Como entra a questão socialista nesse debate? Parece muito distante do que o sr. está falando?

Gostaria de entender melhor o lado semântico dessa palavra. Feudalismo, capitalismo, socialismo, comunismo --essas palavras perderam a utilidade.


Quais são as maiores dificuldades dessa fusão PSB-Rede?

Vai ser muito trabalhoso construir um programa e ter a garantia de que ele reflita de fato um compromisso de governo. Não tem nenhuma garantia prévia de que esse processo resulte num entendimento enraizado e profundo dos valores que justificam a colocação de uma alternativa para o país. Não sei qual é a proposta e o programa do PSB na área econômica.


Nesse processo, grupos de classe média mais ligados à ecologia ficaram frustrados?

Imagino que sim. Eu mesmo ainda não metabolizei totalmente isso. Estou esperando a poeira sentar. Se puder colaborar com uma alternativa que me encanta, farei isso. Se sentir que não posso fazer isso porque não há confiabilidade e a discussão entrar num processo escorregadio e desgastante, com visões muito diferentes, estou fora.


Como o sr. avalia ter como aliados personagens como Ronaldo Caiado, Heráclito Fortes, Bornhausen?

O PSB, liderado pelo Eduardo Campos estava fazendo o jogo tradicional da velha política brasileira. Ao se aliar com a Rede, ele está indicando que não vai continuar fazendo isso.


Como o sr. encara questões como aborto, criacionismo, uso de células tronco?

Quando me aproximei de Marina, em 2009, tinha nesse ponto a minha principal restrição. Porque eu tenho ideias até libertárias em relação a aborto, drogas, relações homoafetivas. Sou a favor da legalização das drogas leves. Creio que o aborto é um direito da mulher dentro de certos limites. Não vejo como negar aos homossexuais o direto de constituírem uma união estável.


E o criacionismo?

É uma doutrina religiosa, não tem nada a ver com biologia e em nenhuma hipótese deve ser ensinada.


Mas Marina...

Não. Numa escola religiosa, que já ensinava o criacionismo, ela disse que deveriam ensinar os dois. Marina me surpreendeu muito. Observei de perto como ela separa a fé a as convicções pessoais dela do debate público e dos caminhos que a sociedade brasileira escolhe.

domingo, 13 de outubro de 2013

Dilma fica com maior parte dos votos se Marina desistir


 
RICARDO MENDONÇA DE SÃO PAULO
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Quem ficaria com a maior parte dos votos de Marina Silva (PSB), a mais competitiva adversária da favorita Dilma Rousseff, caso a ex-ministra realmente não concorra à Presidência no ano que vem? Resposta: Dilma Rousseff.

A constatação pode ser feita a partir do cruzamento de dados da pesquisa Datafolha realizada na sexta-feira.

]Segundo a apuração do instituto, 42% dos eleitores que declaram voto em Marina passam a votar em Dilma num dos cenários em que a ex-ministra não consta como opção.
O senador Aécio Neves (PSDB) herda 21% dos votos marineiros. E o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB) -aquele que teria o apoio formal de Marina na hipótese de sua ausência-, fica com 15%.

Aécio e Campos são considerados hoje os mais prováveis adversários de Dilma no ano que vem, já que têm interesse em concorrer e controlam seus respectivos partidos.

Numa disputa com esses dois nomes, Dilma seria reeleita presidente no primeiro turno com 42% dos votos totais. Aécio alcançaria 21%, Campos marcaria 15%.

Nas duas simulações feitas pelo Datafolha em que Marina aparece na disputa, a eleição iria para o segundo turno. Com até 29% das intenções de voto, ela é a rival mais forte de Dilma até o momento.

Marina, porém, fracassou ao tentar montar seu próprio partido a tempo de disputar a eleição de 2014. Sem a Rede Sustentabilidade apta, acabou filiando-se ao PSB de Campos, movimento considerado o mais surpreendente da cena política em 2013.

O Datafolha também investigou para onde vão os votos de Marina caso a disputa fique entre Dilma, Campos e o ex-governador de São Paulo José Serra, eventual candidato do PSDB no lugar de Aécio.

O padrão de migração dos votos marineiros nesse caso é parecido com o do cenário anterior. Dilma herda 40%; Serra, 25%; Campos, 15%.

Para chegar a esses números, o Datafolha ouviu 2.517 eleitores em 154 municípios do país, o que resulta numa margem de erro de dois pontos percentuais para mais ou para menos.

REPERCUSSÃO

Apesar de ter dominado o noticiário político dos últimos dias, a filiação de Marina Silva ao PSB é ignorada por mais da metade dos brasileiros.

Segundo o Datafolha, 48% dizem que ficaram sabendo do assunto. Só 14%, porém, afirmam estar bem informados a respeito. Outros 23% declaram-se mais ou menos informados. E 11% ouviram falar, mas admitem que estão mal informados.

Com isso, o maior grupo de eleitores (47%) não se sente capaz de avaliar se Marina Silva agiu bem ou mal ao aderir ao partido de Campos. Mesmo assim, muitos opinaram. Para 37%, Marina agiu bem; 17% acham que agiu mal.

A aprovação à nova filiação de Marina foi bem maior entre os homens do que entre as mulheres. Para 43% deles, Marina agiu bem. Entre elas, a aprovação foi de 31%.

Apesar do bom desempenho em intenções de voto, Marina tem baixa capacidade de transferência, na comparação com o ex-presidente Lula. Apenas 11% dos eleitores do Brasil dizem que votariam "com certeza" num candidato apoiado por Marina. Lula é o campeão absoluto por esse critério, com 38%.

Serra e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) também conseguem resultados melhores que o de Marina nesse ponto. Há 15% que votariam com certeza em alguém apoiado por Serra. E 12% no caso de FHC.

Aécio, porém, não deve se animar com isso. O motivo é a rejeição que os dois tucanos podem carregar. Quase 60% afirmam que não votariam num nome apoiado por FHC. Com Serra, o índice é de 54%.
Editoria de Arte/Folhapress